Bem produzido, mas como menos sotaque mané, Daza é um dos álbuns mais passionais do Dazaranha. Literalmente. Nas 11 canções impera o clima de amor e esperança em letras que tratam do sentimento não apenas nas relações, mas no fazer café para os amigos, no trânsito, no amor próprio, na busca de otimismo. Depois de sete anos de hiato, o novo trabalho – quinto de estúdio do grupo formado há 22 anos – acaba de sair do forno e o show de lançamento está sendo planejado para depois da Copa.

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::: Crítica – Daqui para qualquer lugar: onde quer chegar Daza?

Daza leva a chancela de Carlos Trilha, produtor e instrumentista que tem no currículo produção para discos de Renato Russo e Lobão, entre outros.

– Quem me falou do Dazaranha pela primeira vez foi o Frejat – diz o produtor.

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Apesar de catarinense, Trilha mora no Rio de Janeiro há 25 anos e praticamente não conhecia o trabalho dos conterrâneos, apenas ouvia falar. Há cerca de três anos aconteceu a primeira conversa com Gazu, vocalista do Daza, num show em Balneário Camboriú. O desfecho da parceria se deu com a abertura do R3, em Palhoça, estúdio com qualidade de padrão internacional que propiciou a gravação do disco por aqui.

– Trilha veio para cá e primeiro produzimos três músicas. Gostamos do resultado e resolvemos acabar o disco – conta o baixista Adauto Luiz Charnesky.

Tanto tempo sem entrar num estúdio deixou o arquivo de novas canções meio transbordando, tanto que, ao final, o grupo tinha mais de 50 composições para escolher.

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– Cada um apareceu com 10. Fizemos essa peneira e escolhemos as que achávamos melhor. Nem sempre há um consenso, mas é democrático. Se a maioria vota, então é isso – diz Adauto.

O produtor diz que o foco principal foi realçar as características do grupo na mixagem e, na sonoridade geral, reproduzir o som gigante do P.A. do show deles.

– Eu procurei na estética aproximar o máximo possível o que eles são no palco, variando a dinâmica dos arranjos. Esse foi meu toque junto com o Adauto, que finalizou o disco comigo.

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Trilha considera Daza um trabalho de grande importância em sua carreira, tanto como produtor como pelo elo artístico com Florianópolis e pela nova e sincera amizade que nasceu entre ele e os músicos.

– A ideia desse disco é clara: decolar. O Dazaranha tem todas as condições de fazer sucesso nacional – atesta.

::: A história de um samba – Moriel fala de Som de Tamborim, canção que encerra o novo disco

A mítica Caixa d’Água e o amor

Na manhã da última segunda-feira, a Caixa D’água, mítica sala de ensaios / estúdio do Dazaranha, no bairro João Paulo, foi tomada pelo aroma do café feito pelo violinista, guitarrista e produtor Fernando Sulzbacher (“Melita”, um tempo depois ele comentou, explicando que em tantas viagens eles buscaram alternativas para driblar o sono). É a tal da atmosfera de amor marcante na linguagem do último disco.

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-O passional está cada vez mais forte. Tanto nos relacionamentos entre a gente, quanto na vida pessoal. O disco evidencia essa capacidade de falar de amor -observa Fernando.

Evidencia também as referências sonoras diversas dos integrantes – da base do choro de Moriel até o rock’n roll do Adauto Charnesky.

– Eu, por exemplo, passei por um processo de adequação necessária. Toquei em outras bandas e compus duas canções mais reggae, absorvendo um pouco essa essência de natureza, o mar, o céu – diz o baterista J. C Basañez.

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Num bate papo descontraído dentro do ex-reservatório, entre instrumentos guardados, cadeiras e objetos de show, chama atenção uma folha de papel branca colada na parede ao lado da porta onde está impresso o repertório dos cerca de oito a 10 shows que a banda faz por mês. Ô Mané, Salão de Festa à Vapor e Vagabundo Confesso estão lá, claro, e não podem sair do repertório, mesmo com as novidades do novo disco.

– A ideia de lançamento é fazer um bom show em Florianópolis – a Copa do Mundo cortou um pouco os planos – adianta Adauto.

O produtor Carlos Trilha, que ficou tão envolvido musicalmente e tocou teclados em quase todas as faixas, espera poder participar de algumas apresentações, ou pelo menos todas que as agendas de ambos permitirem.

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Por falar em shows e no propósito do disco, de “decolar nacionalmente”, como afirma Carlos Trilha, os músicos dizem que nunca pensaram em nada de propósito, sempre foi casual.

-Mas ninguém faz um disco para ninguém ouvir. A vontade é de tocar em todos os lugares, até no Japão, mas não produzimos um disco para tocar exclusivamente no Rio de Janeiro, por exemplo – diz Adauto.

Fernando emenda:

-Nosso conceito de sucesso é se você é bem sucedido no que faz. É uma carreira sólida que vai crescendo. A gente almeja que a música chegue longe.

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Sobre a ausência de sotaque, Moriel da Costa (guitarra e vocal) afirma que também sentiu falta, mas é uma questão de interpretação.

-Perdemos a pronúncia em algumas músicas. Acho que o objetivo foi ficar bonito, dependendo do que se escreve. E um dos papéis do produtor é orientar a dicção. Não podemos perder a oportunidade de a mensagem ser passada corretamente.

Agenda de shows

Foto: CR2 Fotografia / Divulgação

Show do Dazaranha na Maratona Cultural de Florianópolis 2014

A agenda de shows do Dazaranha pode ser conferida no site da banda. O próximo ocorre nesta quinta-feira em Florianópolis.

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:: Agende-se

O quê: show do Dazaranha

Quando: hoje, a partir das 22h

Onde: John Bull Pub (Av. das Rendeiras, 1.046, Lagoa da Conceição, Florianópolis)

Quanto: R$ 25

Informações: (48) 3232-8535