Um dos ídolos do rock mais aguardados pelos fãs brasileiros do gênero, David Gilmour finalmente está no país. No final da manhã desta quinta-feira, o guitarrista e vocalista do Pink Floyd concedeu uma entrevista coletiva em São Paulo, no Allianz Parque – local de seu primeiro show no Brasil, nesta sexta-feira. A turnê sul-americana do novo disco solo do músico inglês, chamado Rattle that Lock, chega a Porto Alegre no próximo dia 16, na Arena do Grêmio. A apresentação na capital gaúcha marca os 10 anos da produtora Hits Entretenimento e tem promoção do 2º Caderno e do Clube do Assinante, dentro das comemorações de cinco décadas do suplemento cultural de Zero Hora.
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Começa venda de ingressos para show de David Gilmour
Os pedidos para o camarim de David Gilmour em Porto Alegre
Gilmour chegou ao evento acompanhado da mulher, a escritora e jornalista Polly Samson – autora de boa parte das letras do quarto álbum do artista -, e de dois integrantes de sua banda: o grande guitarrista e produtor Phil Manzanera (ex-Roxy Music) e o saxofonista brasileiro João de Macedo Mello. Sorridente e à vontade em meio aos companheiros de mesa – com quem brincou durante todo o encontro com a imprensa -, o veterano roqueiro de 69 anos disse estar entusiasmado em se apresentar pela primeira vez no Brasil:
– Nunca pensei que isso seria possível. Sempre houve complicações sobre viagens que impediam minha vinda. Estamos preparando um show especial.
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Indicado a Gilmour por Manzanera para substituir, por motivo de doença, o saxofonista Dick Parry – responsável pelos célebres solos em músicas do Pink Floyd como Money e Shine On You Crazy Diamond -, o jovem curitibano de apenas 20 anos não escondia o orgulho por tocar em sua cidade natal no dia 14, ao lado desses mitos do rock.
– É uma honra fazer parte desse trabalho. Eu escuto o Pink Floyd e o David Gilmour desde pequeno. Tem sido uma diversão também.
Já Polly – que aproveitou a viagem para lançar por aqui seu livro mais recente, o romance Um Ato de Bondade (Record) – falou sobre as diferenças entre escrever ficção e canção:
– A diferença é que na composição a música costuma vir antes. Para compor, a gente tem a inspiração da música, que te acompanha na criação. O livro não tem nada que nos acompanhe. É uma ideia na cabeça.
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Veja o resultado da promoção de ingressos para o show de David Gilmour
David Gilmour mostra versatilidade em novo álbum de estúdio
Filho de mãe colombiana, o simpático londrino Manzanera chegou a responder em espanhol a uma pergunta feita por um repórter chileno. Questionado por Zero Hora a respeito da duradoura parceria com Manzanera, Gilmour disse que ambos se conhecem há muito tempo:
– Conheci-o com o irmão, antes de ele entrar para o Roxy Music.
Manzanera, que entrou no grupo de Bryan Ferry e Brian Eno em 1971, completou:
– É verdade. Eu tinha 16 anos e procurei Gilmour para me aconselhar a respeito do que eu precisava para me tornar um músico profissional. E você me disse, literalmente: “Apenas junte-se a mim”. Isso foi em 1968.
– Não tenho a menor lembrança disso… – confessou Gilmour, visivelmente surpreso com a memória do amigo de 64 anos, acrescentando: – Acho que nossa primeira colaboração formal foi a participação de Manzanera em uma ou duas faixas de A Momentary Lapse of Reason (disco do Pink Floyd de 1987).
Gilmour comentou também o repertório dessa turnê – na Europa, o músico incluiu nada menos do que 12 temas do Pink Floyd, de Astronomy Domine, do primeiro disco da banda, de 1967, até Sorrow, do álbum de 1987:
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– É um trabalho muito difícil escolher músicas que agradem a mim e ao público. Entre 1968 e hoje, há muito o que considerar. Há questões abordadas em canções antigas que não são mais relevantes hoje. Certamente, teremos uma ou duas músicas do Pink Floyd no setlist. Muitas vezes, a minha carreira e a trajetória da banda estão intercaladas.
Era inevitável questionar Gilmour a respeito do ex-parceiro Roger Waters. A pergunta veio com a lembrança da antológica apresentação do Pink Floyd no megaconcerto Live 8, em Londres, em 2005, que reuniu novamente os desafetos Gilmour e Waters.
– Estar no palco com eles foi uma satisfação muito grande. Mas os ensaios foram muito difíceis porque tinha muitas coisas dolorosas entre nós. O mais difícil foi a escolha do repertório. Em um certo momento, tive que dizer ao Roger que ele era um convidado no Pink Floyd e que eu escolheria as músicas. Houve, sim, um incentivo financeiro muito grande para essa reunião – revelou Gilmour.
ZH quis saber quais foram os guitarristas que fizeram a cabeça de David Gilmour – e o mestre elencou uma fiada de nomes:
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– São tantos! Leadbelly, John Fahey, Eric Clapton, Jimi Hendrix, Jeff Beck, Leadbelly (de novo)?
* O repórter viajou a convite da Hits Entretenimento