Desculpem, fiquei um pouco triste. Quando pisei no interior do novíssimo e lindíssimo Maracanã, fiquei triste. Porque estava dentro de outro estádio. Este Maracanã, este de agora, é, como já disse, belo. É amplo, é confortável e, obviamente, é moderno.
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Mas falta algo.
Aquele Maracanã, o velho Maracanã, o Maracanã de Mario Filho e Nelson Rodrigues, o Maracanã das 200 mil pessoas cantando Touradas em Madrid, o Maracanã onde o Grêmio se consagrou como o primeiro time de fora do Rio a jogar, e a ganhar, 3 a 1 no Flamengo em 15 de novembro de 1950, o Maracanã do gol mil de Pelé e dos joões de Garrincha, o Maracanã em que o Inter assomou para o mundo batendo a Máquina do Flu em 1975 e em que o Grêmio ganhou o Brasil em 1997,o Maracanã do Canal 100 e da Seleção Brasileira, aquele Maracanã histórico não existe mais.
Zico, o rei do Maracanã, talvez tenha sentido o mesmo que senti ao olhar para essas arquibancadas sagradas do futebol. Zico ficou perplexo e balbuciou:
– Não sei o que pensar. Este parece o filho daquele Maracanã.
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Zico, imagine, Zico se sentia tão à vontade jogando nesse estádio que, quando ia bater uma de suas faltas fatais, fazia pontaria se baseando numa das placas de publicidade da pista atlética. Que placa?, perguntavam os repórteres. Zico sorria e não revelava. Vai que um inimigo do Vasco tirasse a placa…
Pois, para Zico, este é o filho do verdadeiro Maracanã. De fato, o estádio parece menor por dentro, mas não é isso que inquieta. O que inquieta é que o novo Maracanã é… igual. As rugas do velho estádio, seus pequenos e grandes defeitos, lhe conferiam charme, eram a sua personalidade. É isso que está faltando. Charme. Personalidade. Que, quem sabe, venham com a idade.
O mundo muda, é preciso se conformar. Mas também, às vezes, pode-se ficar triste. Um pouco triste.