Usain Bolt – e quem mais haveria de ser? – venceu ontem a corrida dos 100m, com o tempo de 9s63, cinco centésimos acima do recorde mundial, que é seu. Amanhã, o jamaicano volta à pista do Estádio Olímpico de Londres para as eliminatórias dos 200m, sua prova favorita – é o atual campeão olímpico e recordista mundial, com 19s19.
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Ele é “O Raio”. Ele é invencível. Todos sabiam que ele venceria, e ele venceu.
Usain Bolt cometeu outra façanha, ontem à noite, no Estádio Olímpico de Londres: quebrou o seu próprio recorde olímpico e fez o segundo melhor tempo da história nos 100 metros rasos, impensáveis 9s63 (a menor marca, de 9s58, também é do atleta jamaicano de 25 anos).
Antes de mais esse show, o homem mais rápido do mundo demonstrava a calma de quem sabe ser o melhor. Na semifinal, classificou-se em primeiro na sua bateria reduzindo a passada na linha de chegada. Depois, durante o aquecimento, no vestiário, dançava e sorria, enquanto os seus sete adversários permaneciam sérios. É claro: eles sabiam quem venceria.
Ao voltar para a pista, às 21h50min de Londres, Bolt e todos os demais corredores mostravam-se concentrados, a gravidade desenhada nos rostos negros. Na hora da apresentação, descontraíram um pouco. Richard Thompson ergueu o punho direito. Asafa Powell apertou os olhos e fez uma careta.
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O americano Justin Gatlin, que ganharia o bronze com 9s79, prestou continência. Tyson Gay acenou para as arquibancadas. O também jamaicano Yohan Blake, autodenominado “a Fera”, mostrou as mãos em garra – ele chegaria em um honroso segundo lugar, com 9s75.
Bolt fez uma dancinha, “atirou” com os dedos, como se suas mãos fossem pistolas e, em seguida, fez o sinal da cruz. Ryan Bailey abanou para o público. Churandy Martina apontou o indicador para cima.
Pronto. Cada um teve o seu momento. Agora, os momentos seguintes eram do jamaicano Usain Bolt.
Ao tiro de largada, ele disparou, e disparar não é força de expressão. Menos de 10 segundos depois, estava cruzando a linha de chegada.
Menos de 11 segundos depois, estava brincando com a torcida, dançando, imitando com os braços um raio (em alusão a seu apelido em inglês, Lightning Bolt), enrolando-se na bandeira jamaicana, rindo para as câmeras, brincando com o mascote da Olimpíada – enquanto fora do Estádio Olímpico um grupo de agentes da Scotland Yard brincava fazendo com as mãos seu gesto comemorativo.
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Nos 50 minutos seguintes, Bolt continuaria no estádio já vazio, concedendo entrevista para os jornalistas do mundo inteiro, a bandeira da Jamaica amarrada ao pescoço, como se fosse a capa do Super-Homem.
Com um tempo de reação de 0,165s Usain Bolt foi apenas o 4º a largar. Mas com passadas de 2m44cm e uma velocidade média de 37,4km/h ele superou os rivais em 41 passadas – três a menos do que os demais. Seu tempo de 9s63 é o novo recorde olímpico.
Bem, ele é um Super-Homem. É um show. É mais, até. Ele é o Raio. Ele é invencível. Todos sabiam que ele venceria, e ele venceu.