Aos 20 segundos da final que o Brasil perdeu para o México por 2 a 1, neste sábado, em Wembley, um torcedor brasileiro gritou das arquibancadas uma ordem que qualquer zagueiro de várzea, em qualquer campinho esburacado do mundo, já ouviu:

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– Tira daí, rapaz!

O grito era para Rafael, lateral da Seleção, que, naquele momento, dominava a bola no bico direito da área do Brasil. Dois mexicanos o acossavam, fechavam os espaços para uma saída de jogo macia. A única solução era acatar o conselho do torcedor e dar um bico para qualquer lugar, para frente, para o alto, para fora. Mas Rafael não fez o que devia fazer, arriscou-se, e um zagueiro não se arrisca: a bola acabou nos pés do bom centroavante Peralta, que chutou rasteiro, no canto direito do goleiro Gabriel. Gol do México.

Eram 28 segundos de jogo.

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GALERIA: Veja imagens da derrota do Brasil para o México por 2 a 1

O Brasil começava mal, e mal continuou. O México trocava passes, dominava a partida, e os brasileiros não demonstravam capacidade de reação. Aos dois minutos ocorreu algo inédito numa final de campeonato: a torcida mexicana passou a gritar olé.

Olé aos dois minutos de jogo.

Aos cinco minutos, a bola caiu no lado de Rafael de novo, e de novo ele estava pressionado. Desta vez, o rapaz deu um chutão. Aprendeu. Pena que com dor.

O time inteiro sentia a dor do gol. Neymar tentava driblar no campo de defesa, Oscar errava passes, Marcelo não partia para cima dos adversários, como faz usualmente. Só Damião parecia ter um pouco mais de disposição. Aos 11 ele deu um lançamento malicioso para Oscar, que estava dentro da área, mas o zagueiro tirou. Aos 15 ele cruzou da esquerda, Oscar dominou, virou e bateu fraco, nas mãos do goleiro.

Era pouco, o Brasil não conseguia articular jogadas no meio-campo. Aos 24, Mano Menezes mandou Hulk aquecer. Ele ficou saltitando por seis minutos na lateral, até que, enfim, entrou, em lugar de Alex Sandro.

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Aí o jogo mudou.

O Brasil se tornou mais agressivo. Aos 37, Oscar e Marcelo tabelaram na ponta esquerda. Oscar devia ter chutado em gol. Tentou o passe e errou. Aos 38, Hulk chutou forte, de longe. O goleiro soltou, Damião correu, dividiu e ganhou o escanteio. Aos 46, Marcelo infiltrou-se pela esquerda e chutou para fora.

O México prosseguia com a mesma estratégia: esperava o Brasil atacar e zunia em contragolpes desagradáveis, sempre às costas do pequeno Rafael. Assim foi também no segundo tempo, quando o Brasil foi mais incisivo, mais urgente e, volta e meia, mais apressado.

A pressão era brasileira, mas cada espetada mexicana incomodava. Aos 18 minutos, os mexicanos acertaram o travessão e os 90 mil torcedores em Wembley fizeram ooooooh… Aos 23, Juan furou em bola. Gol do México. O árbitro deu impedimento. Aos 26, numa cobrança de escanteio, o inseguro goleiro Gabriel errou a saída e o México, novamente, quase marcou.

O ouro. O Brasil ia perder o ouro.

Perdeu em definitivo aos 29 minutos, quando Peralta aproveitou um cruzamento e deu um testaço no gol de Rafael: 2 a 0. O Brasil ainda descontou com Hulk. Mas a Seleção estava deixando de ganhar o único título que ainda não tem. Era uma Olimpíada, em Olimpíada o importante é competir. Mas não para o futebol brasileiro. Para o futebol brasileiro, essa medalha de prata é uma medalha de lata.

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