Ao andar pelas ruas de Joinville, dois elementos são comuns na paisagem: as flores, que invadem os jardins das casas, e as bicicletas, que servem como meio de locomoção, diversão ou saúde à população. Os títulos “Cidade das Bicicletas” e “Cidade das Flores”, no entanto, não são apenas apelidos. Ambos contribuíram, e continuam ajudando, na expansão da cidade, seja na mobilidade ou no turismo.
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Para entender como eles estão atrelados à construção da cidade, é preciso voltar no tempo, mais precisamente no século XX, época em que a cidade ganhou ambos os títulos, em períodos distintos da história.
De acordo com o historiador e coordenador do Arquivo Histórico de Joinville, Dilney Cunha, o primeiro “apelido” surgiu em 1906. O apelido “Cidade das Flores” teve origem após uma visita do presidente Afonso Pena ao município em agosto daquele ano.
Cunha conta que foi a primeira vez que a cidade recebeu um presidente da república. Após desembarcar na recém inaugurada estação ferroviária de Joinville, ele e a comitiva foram até o Centro, onde fizeram um passeio pelas ruas do município.
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— A cidade toda se preparou para a visita. Na época, muitas famílias tinham o costume de plantar flores nos jardins. O que se diz é que quando o presidente viu as flores, falou que Joinville era a cidade jardim do Brasil e, com o passar do tempo, veio a ser a Cidade das Flores — relembra o historiador.
O apelido ganhou ainda mais força na década de 1930, com a criação da Festa das Flores, um dos principais eventos da cidade e que fomenta o turismo durante o mês de novembro. A importância da festa é tanta que ela apenas foi cancelada em duas oportunidades: na 2º Guerra Mundial e durante a pandemia da Covid-19. A edição de 2022, segundo os organizadores, está confirmada e deve ocorrer entre 15 e 20 de novembro.
Além disso, o cultivo de flores na cidade também virou uma tradição, que é repassada de geração em geração, como explica o presidente da Agremiação Joinvilense dos Amadores de Orquídeas (AJAO), Jacson Lúcio Zandonai.
— Eu sou joinvilense e cresci ouvindo que aqui era a Cidade das Flores. Quando adulto, conheci outras pessoas que me apresentaram o cultivo. Então, hoje, meu objetivo é não deixar a tradição morrer e mostrar que é possível apreciar a flor — pontua.
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Do imposto ao chão de fábrica: a bicicleta no desenvolvimento de Joinville
Se por um lado as flores nasceram dos encantos dos jardins, o apelido “Cidade das Bicicletas” está totalmente atrelado ao boom que a indústria joinvilense teve após a 2º Guerra Mundial.
— Na década de 1950 e 1960, o município começou a receber muitos imigrantes, que trabalhavam nas fábricas. Para se locomover, eles usavam a bicicleta, por ser um meio barato para ir até o trabalho. Logo, as imagens daquela multidão saindo das fábricas com as zicas ficaram famosas e passou a usar esse apelido para descrever Joinville — relembra o historiador Dilney Cunha.
Além disso, para o secretário de Planejamento Urbano e Desenvolvimento Sustentável de Joinville, Marcel Virmond Vieira, a bicicleta também foi essencial para a transformação e a expansão da cidade.
— A bicicleta mudou a paisagem de Joinville. Foi ela que viabilizou o crescimento das indústrias, principalmente porque era a única forma que os trabalhadores tinham para se locomover na época. A bicicleta que permitiu a transformação do que a cidade é atualmente — salienta.
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De acordo com dados da prefeitura, atualmente, 12% dos deslocamentos em Joinville são feitos por bicicleta. Outro ponto é que, segundo a plataforma Bright Cities, a cidade tem a maior extensão em ciclovias e ciclofaixas para cada 100 mil habitantes do país. A rede cicloviária atual é de 194,8 km, com planos de expansão para os próximos anos.
— No plano diretor, promulgado em 2017, há uma lista de vias que prioritariamente devem ser tratadas como cicláveis. O objetivo é que a cidade tenha mais de 400 km de ciclovias e ciclofaixas. O que tem de prático é a instalação de vias na duplicação da rua Dona Francisca, que fica no eixo do Distrito Industrial, além de vias como a rua São Paulo, que estão sendo qualificadas. Com isso você melhora o trânsito, não polui e ainda tem outro efeito colateral, que é a melhoria na saúde da população — pontua o secretário.
Veja os registros da presença das bicicletas em Joinville:
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