O governo de Joinville mudou. O prefeito Udo Döhler (PMDB) tem ressaltado a disposição em “compactar a estrutura”, mas o assédio por cargos comissionados não muda, segundo pessoas do governo. Há partidos interessados em preencher cotas, há amigos e colegas de gente dos partidos e até desconhecidos que tentam uma vaguinha, além, é claro, de servidores de carreira interessados em promoção a um cargo de confiança.

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Em vários casos, o salário é acompanhado de responsabilidades à altura em áreas críticas como saúde, por exemplo. O comissionado ganha, mas tem uma série de atribuições. Há situações, porém, em que a relação não é a mesma. No gabinete do prefeito, são seis cargos de coordenador vagos no momento com salário de R$ 3,9 mil.

Na Felej, 16 coordenações de modalidades esportivas ganham os mesmos R$ 3,9 mil. Na Fundação Cultural, são 23 coordenadores com o mesmo salário. Cada museu, mesmo os fechados, tem um cargo desses. O número de vagas disponíveis também desperta cobiça.

Entre os 665 cargos comissionados da Prefeitura, 634 ainda estão vagos na administração direta ou indireta (fundações e autarquias) e mais 41 disponíveis na Companhia Águas de Joinville, onde o salário é maior, equiparado ao da iniciativa privada. Até agora, o governo Udo tem apenas 31 nomeações, 26 do primeiro escalão e cinco do segundo.

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Na sexta, quatro novos nomes foram confirmados: o arquiteto-urbanista Marcel Virmond será o titular da Secretaria de Planejamento; Roberto Winter, ex-secretário de Infraestrutura de Marco Tebaldi (PSDB), será diretor-executivo da Fazenda; o engenheiro Eduardo Regua, do Deinfra, será diretor-executivo da Seinfra; e Raquel Migliorini, funcionária de carreira e presidente da Fundema na reta final do governo Carlito, ocupará a diretoria-executiva do órgão.

Udo fala em compactação

O prefeito tem dado a entender de que vai aproveitar ao máximo servidores de carreira em cargos comissionados e afirmado que está disposto a fazer uma reforma administrativa transformando, por exemplo, as 14 secretarias regionais em oito subprefeituras. ???

Impacto na folha de pagamento

Apesar de cargo comissionados aparecer associado a “inchaço” da máquina, eles não têm crescido de forma vertiginosa. A gestão Carlito Merss (PT) criou 22 desses cargos em quatro anos, segundo dados do início e fim do governo (643 e 665 cargos, respectivamente).

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A criação de estruturas como o Centro Público de Atendimento do Trabalhador (Cepat) e a rádio educativa contribuíram para isso. No fim do ano passado, cerca de 40% dos comissionados eram servidores de carreira aproveitados em cargos de confiança. Na Águas de Joinville, 60% das pessoas de confiança são de carreira.

A criação ou extinção de cargos têm de ser aprovadas na Câmara. Não é decisão única do prefeito. Segundo os dados mais recentes, do ano passado, os cargos comissionados consomem cerca de 7,5% do dinheiro que vai para pagar o funcionalismo, que é a maior despesa da Prefeitura.

São R$ 45 milhões por ano dos quase R$ 600 milhões gastos com a folha. O dinheiro sai dos cofres públicos. A Águas de Joinville, responsável pelos serviços de água e esgoto, não entra na conta. Os cargos comissionados da empresa consomem mais de R$ 5 milhões por ano.

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