A Noruega de 1987 viu o Darkthrone surgir para se posicionar como referência no chamado black metal no início da década seguinte, com discos como A Blaze In The North Sky (1992) e Under A Funeral Moon (1993) resistindo à passagem do tempo e influenciando muitos entre as gerações posteriores. Apesar do status alcançado, o duo Nocturno Culto e Fenriz nunca escondeu o interesse por composições mais simples, tanto que foi se afastando da velocidade e atmosfera gélida que tão bem caracterizam o True Norwegian Black Metal.
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Seu décimo-sétimo disco, Arctic Thunder, novamente reflete essa característica e remete diretamente à cena oitentista. O híbrido hostil mesclando speed, thrash e punk é propositadamente tosco e possui uma flexibilidade que fatalmente encontrará a simpatia de um público mais amplo, ainda que fiel ao underground. Outro aspecto é o fato de Nocturno Culto monopolizar o microfone, algo que não acontecia há alguns anos. Sua voz unidimensional e sofrida, aliada ao minimalismo das composições, melhor reflete a natureza primitiva e dramática do repertório.
A “sabbatica” Tundra Leech, Arctic Thunder e The Wyoming Distance, com ritmos mais lentos e riffs muito bons, são exemplos da estética simplificada que o Darkthrone vem aperfeiçoando ao longo dos anos. Ok, sob muitos aspectos, isso acarreta ocasiões com certa carência de intensidade, mas Arctic Thunder convence e se coloca em um patamar bastante próximo de qualquer disco que o Fenriz e Nocturno Culto tenham liberado na última década. Quem aprecia Motorhead, Black Sabbath e o black metal que Venom e Bathory desenvolveram não terão muito do que reclamar por aqui. lml
Outras resenhas de Males que vão para o Ben

Darkthrone: Arctic Thunder
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(2016 – Rock Brigade / Valhall Music / Voice Music / Mutilation – nacional)
01. Tundra Leech
02. Burial Bliss
03. Boreal Fiends
04. Inbred Vermin
05. Arctic Thunder
06. Throw Me Through The Marshes
07. Deep Lake Trespass
08. The Wyoming Distance
*Ben Ami Scopinho está há mais tempo em Floripa do que passou em sua terra natal, São Paulo. Ilustrador e designer no DC, tem como hobby colecionar vinis e CDs de hard rock e heavy metal. E vez ou outra também escreve sobre o assunto.