Joinville conhecerá seu novo prefeito em alguns dias. Ele poderá ser o deputado federal Darci de Matos, 58 anos, candidato pelo PSD que se candidata a prefeito pela terceira vez; ou o empresário Adriano Silva, 42 anos, que estreia não só na campanha pelo cargo mas faz sua primeira incursão na política agora, como candidato pelo NOVO.
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No primeiro turno, eles tiveram resultados que dificultam qualquer previsão: Darci conquistou 66.838 votos (25,30% do total); e Adriano conquistou 60.728 votos (22,98%), em uma eleição que contou com 15 candidatos em Joinville. Já na pesquisa do segundo turno feita pelo Instituto Paraná de Pesquisas, Darci apareceu atrás do estreante, com 29,7% contra 54,8% da intenção de votos de Adriano.
Darci de Matos é formado em economia pela Universidade da Região de Joinville (Univille) e fez pós-graduação em Administração e Marketing. Foi eleito vereador em Joinville em 2000 e 2004, e atuou como presidente da Câmara por duas vezes. Em 2006, foi eleito deputado estadual, cargo para o qual foi reeleito nas eleições de 2010 e 2014. Em 2008 e em 2016 foi candidato a prefeito de Joinville, chegou ao segundo turno, mas não se elegeu.
Nesta entrevista exclusiva ao jornal A Notícia, ele falou mais sobre seus projetos e ideias.
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A estratégia inicial era de enfrentar o “candidato de Udo” no segundo turno, mas o adversário será Adriano Silva. E agora, qual será a estratégia em relação ao adversário?
Darci – Nunca escolhi adversário. Sabia que haveria segundo turno, afinal, havia 15 candidatos, era inevitável. Mas agora vou continuar trabalhando e vai ficar claro que somos o melhor time, temos o melhor preparo. Não podemos dar o governo da maior cidade de Santa Catarina nas mãos de uma pessoa inexperiente. Estamos saindo de uma gestão catastrófica de um empresário sem experiência, vamos repetir o erro? No segundo turno, vamos poder explicar à população que a outra candidatura é de alguém que não tem o preparo devido, que não conhece os bairros de Joinville, que nunca pegou um ônibus, nunca enfrentou dificuldade nenhuma.
Mais uma vez, o seu melhor resultado por zona eleitoral ocorre no Sul e o pior na área central, na 19º, onde ficou em terceiro lugar. O que fazer para buscar um melhor resultado nessa região?
Darci – Quero ser o representante de todos, mas principalmente das pessoas sofridas. Me honra muito eu ser melhor avaliado nos bairros. É lá que estão os problemas. É lá que as pessoas morrem na fila esperando por cirurgias, que não tem vagas nos CEIs, é onde não chega o asfalto e não tem áreas de lazer. A estratégia é continuar com a campanha e demonstrar o que você acabou de afirmar: o meu opositor teve um bom desempenho na elite da cidade, naqueles que comandam Joinville há muitas décadas, no mundo empresarial. Trata-se de alguém que não conhece nem um pouco a gestão pública, e a prefeitura não é a empresa do pai.
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Antes do início das convenções, uma das suas estratégias foi formar uma coligação o mais ampla possível, tanto é que o senhor teve o maior tempo de rádio e TV no primeiro turno. Mas agora que, terminado o primeiro turno, o senhor tem dito que não pretende ampliar a coligação. Porque mudou a posição?
Darci – A coligação para o primeiro turno é um cenário. Agora, no segundo turno, não vou fazer conversa nem reunião com os candidatos que participaram e perderam a eleição. As conversas, se acontecessem, elas seriam certamente com “prêmios” de acomodação, e eu não vou ter vagas para ninguém. Vou oferecer o quê?
A sua campanha pretende trazer lideranças nacionais do PSD ou de partidos aliados para o segundo turno?
Darci – A princípio, não. Se aparecesse alguém importante, que pode demonstrar que vai nos ajudar no ano que vem, na nossa gestão, porque não? Mas eu não tenho tempo de ir atrás de vídeo nem gravação de ninguém. Nós temos que ganhar a eleição aqui com as propostas, discutindo com as pessoas, nos bairros, nas redes sociais. Vou fazer uma campanha muito equilibrada. Meu opositor chegou a fazer um vídeo sobre mim, citando meu nome, deselegantemente. Quer dizer, o partido Novo, pelo jeito, não é tão novo assim.
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O senhor tem estimativa de quanto será a economia com a reforma administrativa que o senhor propõe e onde vai utilizar os recursos remanescentes?
Darci – Eu quero economizar, com os cortes de 16 secretarias e 250 cargos comissionados, em torno de R$ 2 milhões por mês. Mas vou promover outras economias, porque vou cortar muitas secretarias. Não cortar os programas, mas, por exemplo, as subprefeituras vão acabar como secretarias, mas vão continuar como diretorias. O que a subprefeitura precisa? Pedra, brita, areia, saibro, patrola, e isso eu vou dar. Vou buscar dinheiro fora, a fundo perdido e financiamento a longo prazo, e vou destravar a cidade. Com isso a gente vai ter mais recursos para investir no asfaltamento, na saúde.
Joinville precisa de uma reforma da previdência em âmbito local já no próximo mandato?
Darci – Eu fui titular em Brasília na reforma da previdência, e é um assunto que nós temos que enfrentar com racionalidade. Se nós não aderirmos à Reforma da Previdência, nós corremos o risco de quebrar o Ipreville, e a nossa cidade. Tem lá dois déficits, o primeiro é vergonhoso que é R$ 350 milhões que o atual prefeito não pagou, ele parcelou; e o segundo déficit é o atuarial, que chega a R$ 800 milhões, que é projeção de receita e despesa em 25 anos. Esse assunto eu tenho discutido com alguns servidores, já fui no debate do sindicato, e vamos sentar frente a frente, olhando no olho, e tratar deste assunto.
Há algum projeto, proposta dos adversários no primeiro turno que o senhor incorporaria ao seu plano de governo?
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Darci – A proposta da candidata Tânia (Eberhardt, do Cidadania), ela é especialista na área da saúde, sobre investirmos pesado na atenção básica, porque você barateia no final da conta, a saúde nos hospitais. Nós não chegamos a 80% de estratégia de saúde da família, e tem muitos agentes comunitários de saúde que não estão na atividade ponta, estão na atividade meio, nos postos de saúde, e isso é muito ruim. Não temos que nos preocupar só com a pandemia, mas a minha tese é mais liberal, de isolar os idosos e as pessoas com problema de saúde, mas as pessoas mais jovens têm que trabalhar. Mas temos que cuidar da Covid e da dengue. Você sabia que 80% dos casos de dengue em Santa Catarina foram em Joinville? E a próxima onda pode ser a hemorrágica.
Qual é sua posição sobre as vacinas? Se estiver disponível, a sua eventual gestão vai comprar?
Darci – Confio nas autoridades, e a vacina, sendo autorizada pela Anvisa, é claro que vamos adquirir.
Existe uma maneira de reduzir o preço da passagem em Joinville?
Darci – Se eu disser que vou reduzir seria leviano da minha parte. Não vou fazer aqui propostas absurdas como a ponte do Adhemar Garcia, que custa R$ 200 milhões e a ponte não existe.
Eu acredito num preço racional, quer dizer, que nos futuros aumentos, que a gente possa incluir quatro coisas na licitação: um aplicativo, um modelo mais moderno, mais linhas com ônibus mais confortáveis, e mecanismo para termos uma passagem mais racional, porque a de Joinville é uma das mais caras do Brasil. Precisamos de alternativas para o trabalhador deixar o carro em casa e use o ônibus.
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O senhor tem outra proposta para o Hospital São José que não dependa do Governo do Estado?
Darci – A luta para que o Estado assuma a folha de pagamento do São José eu não abro mão, e a cidade não pode abrir mão nunca. Não é justo a gente ficar atendendo a região e tirando R$ 20 milhões do caixa da prefeitura todos os meses. Florianópolis não tem um hospital municipal e por isso tem dinheiro para a saúde. O plano é ter um diretor que trabalhe em tempo integral, que não tem lá hoje. O secretário da saúde, que é um secretário atuante, acumula o hospital e secretaria. Em segundo lugar, precisamos consertar o mais rapidamente possível os equipamentos que quebram, que hoje leva semanas e até meses. Em terceiro, não só os servidores do São José, mas todos os servidores, serão reconhecidos e valorizados. Aqueles que tiverem uma produtividade alta, serão promovidos; e aqueles poucos que não produzem, tem que ser punidos. Os servidores reclamam muito que muitos cargos internos são indicados por vereadores, políticos partidários. Esses serão cargos de carreira.
Qual a obra de mobilidade mais importante em Joinville, em termos estruturais?
Darci – A Almirante Jaceguay eu vou duplicar, melhorando toda a mobilidade do Norte da cidade. Já tenho metade do orçamento em emendas minhas e do deputado federal Rodrigo Coelho; a Ottokar Doerffel também vou fazer [a duplicação], já tenho quase todo o dinheiro em emendas minhas, do Rodrigo e do deputado federal Ricardo Guidi; e as pontes que já estão no PAC: a da Nacar, que liga o Guanabara ao Bucarein; a ponte da Aubé e a das Anêmonas, que é aquele binário da Santo Agostinho até o Fátima. E a duplicação de mais ou menos um quilômetro da rua Florianópolis, da Graciosa até a entrada do Centro Social Urbano do Itaum, porque ali congestiona muito.
Esse tema foi tão presente na campanha, a necessidade de “destravamento”, de maior velocidade na liberação de alvarás e licenciamento. Como o senhor pretende fazer isso?
Darci – Eu vou botar quatro pontos: primeiro, o presidente da Sama é o quarto presidente; segundo, não é especialista da área, é concursado como agente administrativo e fez faculdade de administração; a atual gestão tentou devolver as prerrogativas de licenciamento para Florianópolis, lembra? Em todo lugar do mundo tentam trazer essas prerrogativas para perto. É preciso ter equipe, experiência, atitude e vontade de resolver.
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Se o senhor chegasse na prefeitura em janeiro de 2021 e tivesse recurso disponível que tivesse que ser usado, obrigatoriamente, em um parque. Onde o senhor faria esse parque?
Darci – Na zona Oeste. Tem boa mobilidade por causa da BR-101 e temos muita área verde e água. Poderia ser naquele terreno onde era pra fazer a UFSC, temos que decidir se ela vai voltar pra lá ou fica no Perini Business Park. Porque se não forem, temos que reutilizar, o terreno é nosso, tem mais de 1 milhão de metros quadrados. Ou naquela região verde entre a Arataca e o Morro do Meio. E poderá ser até através de uma PPP. O Ibirapuera, em São Paulo, acabou de ser dada a concessão dele para a iniciativa privada. A nossa Expoville foi feita através de uma PPP. Grandes obras vou fazer através dessa modalidade.
O senhor tem dito, em relação aos cargos comissionados, o que prefeitura não é local de emprego, mas qual será o critério da escolha dos nomeados?
Darci – São 500 cargos comissionados atualmente, vão ficar 250. No mínimo, destes 250, metade eu vou colocar servidores de carreira. Alguns, eu vou colocar de fora, claro. Mas técnicos, sempre alguém da área. Como é que eu vou colocar um vereador na educação? Vou colocar uma pessoa que toque os programas.
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Que papel o seu vice, Rodrigo Fachini, terá em seu governo, em caso de vitória?
Darci – O Fachini é um homem experiente, tem uma ligação forte com o social, é sobrinho do saudoso Padre Luiz Fachini, que tinha as cozinhas comunitárias em Joinville, que matou a fome de muitas crianças por décadas. Então, é uma família que eu respeito. E o Fachini é preparado, é vereador, presidiu a Câmara, ele não vai ser um vice qualquer que vai passar por lá para tomar cafezinho. Terá tarefas pontuais juntamente com o prefeito. Mas eu vejo ele atuando muito fortemente nas áreas sociais, educacionais, é gestor público por qualificação e tem conhecimento.