Já se passaram mais de quatro meses, mas a goleada sofrida pela Seleção Brasileira diante da Alemanha, na semifinal da Copa do Mundo, por 7 a 1, ainda dói nos jogadores e torcedores. Talvez doa para sempre, como admitiu o zagueiro Dante. Ainda há, também, a procura por respostas que possam explicar o maior vexame do Brasil na história do futebol. O jogador do Bayern de Munique deu sua opinião ao site da Fifa, em entrevista publicada nesta segunda-feira, e garantiu que o massacre foi resultado do despreparo psicológico do time de Luiz Felipe Scolari.

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– Para mim, o que aconteceu foi que, psicologicamente, não nos preparamos de forma adequada para a Copa do Mundo. Tínhamos que nos colocar na posição de favoritos e incorporar a necessidade de vencer, mas respeitando o esporte e o que ele tem de imprevisível. Quando nós vimos que tomamos o segundo e o terceiro gols, nós simplesmente não aceitamos o fato. Não raciocinamos. Não pensamos que era preciso encarar a situação e ser mais inteligentes. Em vez disso, nossa reação era de: “Isso não é possível. Não pode acontecer. Nós temos obrigação de ganhar a Copa. Vamos para a frente”. E, então, isso virou um choque, que ocasionou o 7 a 1 – disse.

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Dante explicou que a Seleção não estava pronta para lidar com situações adversas. – O placar não reflete a diferença de qualidade entre os dois times, mas sim a forma como, psicologicamente, nos colocamos naquele Mundial. Por causa da pressão, não estávamos preparados para adversidades. Desde a Copa das Confederações, em todos os jogos – com exceção da estreia da Copa, contra a Croácia, que foi dificílima – nós saímos na frente no placar e quase sempre cedo. Nós estávamos preparados para sermos campeões, mas não para enfrentar adversidades. E esse clima de “temos que ganhar” pode até fazer bem para o trabalho em alguns momentos, mas, psicologicamente, é preciso ter mais visão do que isso – declarou Dante.

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O zagueiro se mostrou aberto a discutir um assunto que ainda incomoda todos os brasileiros. Ele próprio admitiu ainda se incomodar e garantiu que sempre lembrará da mais dolorosa derrota da carreira.

– Eu já revi alguns lances, sim. E não tenho problema em falar a respeito, não. Não tenho medo de críticas ou de ouvir o lado negativo. Não vou nunca me esquecer e ainda dói. Dói muito quando penso naquele dia e só ganhando novos títulos na vida vai ajudar a passar essa dor, mas falo tranquilamente – afirmou.

Tachado como “País do futebol”, há 12 anos sem vencer um Mundial e diante de sua torcida, a expectativa sobre a Seleção Brasileira era gigantesca. Para Dante, é capaz que nunca um time tenha sofrido tanta pressão quanto aquele que disputou a Copa em casa, o que pode ter sido determinante para seu destino na competição.

– É bem possível, a Seleção Brasileira é algo ímpar e a Copa é um torneio incomparável. Disputar uma dentro do próprio Brasil não é para qualquer um. Eu vivi intensamente cada minuto ali, independentemente do resultado no final, e tive uma grande experiência, tanto positiva quanto negativa. Aprendi muito. Aprendi que o futebol também pode te trazer decepção, dentro e fora do campo. Aprendi que, sem controle psicológico, chega um momento em que “amor”, “garra”, “emoção” não bastam. Você precisa manter a capacidade de pensar – apontou.

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