O que é o Vale Europeu? Foi o que pensei a primeira vez que vi uma placa na BR-470 indicando atrativos turísticos na região. Aconteceu novamente neste fim de semana. Mas desta vez observando as discussões sobre o último Globo Repórter, que apresentou um aspecto da região. Para os turistas estamos no Vale Europeu. Mas nasci no Vale do Itajaí. Por que mudamos?
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A territorialização das políticas relacionadas ao turismo começou em 1994, com criação do Programa Nacional de Municipalização do Turismo. A ideia de regionalização ganhou impulso 10 anos depois com a criação do Programa de Regionalização do Turismo, atendendo às recomendações da Organização Mundial do Turismo. A intenção foi descentralizar e regionalizar o planejamento e a execução das ações relacionadas ao turismo. Se no plano de 20 anos atrás o foco era o município, desde de 2004 ficou instituída a vocação do trabalho conjunto e participativo entre cidades vizinhas com características similares, gerando benefício compartilhado. Foi com base nesta concepção que nasceram as regiões turísticas. Elas foram concebidas após a implementação de vários mecanismos para organizar e identificar os potenciais locais. As políticas públicas de incentivo ao turismo em Santa Catarina seguiram em consonância com o que partiu de Brasília.
A Lei 13.792/2006 estabeleceu os caminhos para criação de programas para cultura, turismo e desporto no Estado. Além de prever a estruturação do setor turístico em SC e iniciativas que fomentem o crescimento sustentável, determinou a adesão aos programas federais da área. Em 2009, o Decreto 2.080 regulamentou a lei e o Plano Estadual da Cultura, Turismo e do Desporto. Várias ações em prol do turismo foram – e estão sendo – implementadas desde então. Ao que parece, o Vale Europeu foi concebido antes da legislação em vigor. Consta que na segunda metade dos anos 1990 criou-se a Organização Regional do Turismo, no Médio Vale, e por aí surgiu – ou ganhou força – o termo que substituiu o Itajaí por Europeu e embarcou nas políticas públicas em vigor.
Sabemos que não somos europeus, muito menos o Vale, tão cheio de diversidade. Alimenta-se uma identidade que não é nossa. Tão falsa quanto algumas fachadas enxaimel que se vê por aqui. Dizer que somos alguma forma de Europa ou Alemanha é diminuir nossa história e cultura tão miscigenadas e particulares. É preciso reconhecer quem somos, com virtudes e falhas. Talvez o começo seja conceber que estamos num vale nomeado pelo rio de belo nome indígena que o corta. E que somos latino-americanos, brasileiros, catarinenses.
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