Espero não ter criado expectativas. Sou só uma cronista, entenda. Guardo numa caixa azul empoeirada o diploma da faculdade de Jornalismo, saiba. Mas ele deixou de ter validade faz tempo, lembra? Cronista talvez seja a denominação mais adequada a quem só tenta entender, mesmo que com sucesso duvidoso, esse mundinho em que caiu. Jornalista gosta de fingir que sabe de tudo.

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Quem dera.

Pronto, agora está tudo claro entre nós. Por isso, exceto quando solicitado, leia-me como numa conversa de bar. Eu sei, é segunda e blumenauenses não vão ao bar (pub?) às segundas. Pensando bem, prefiro uma média com leite (meio a meio, por favor), uma fatia de torta glória e o desejo que a última mesinha à esquerda do Cafehaus esteja desocupada. Assim posso praticar meus esportes prediletos sem ser notada, que vão da gula ao hábito de ver personagens em pessoas e ouvir conversas alheias. Assim posso aprender um pouco sobre os mistérios destes tempos que exigem esforço para entendimento.

Um rapaz com o traje tradicional de hipster contemporâneo. Bom, agora todo mundo deve saber o que é hipster, dada a exposição do policial. Coque ao alto, cabelo raspado na parte inferior, barba volumosa bem-feita – certo que em alguma barbearia hipster da moda. O rapazote de camiseta simples ganhou fama nacional.

Levava Eduardo Cunha a Curitiba. Às favas, Cunha. É do Hipster da Federal que o povo quer saber. Liberado o surfe do jornalismo no conteúdo vazio para aproveitar a marola da audiência. Cunha passou ileso. Ou alguém achou um absurdo o empolgado juiz do primeiro tempo do impeachment ser preso pelo mesmo motivo (popular, não jurídico) que defenestraram a presidente?

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O Hipster é mais interessante. Substituiu o Japonês, aquele que cumpre pena por contrabando e prende corrupto usando tornozeleira eletrônica. Achou confuso? Eu também.

Ninguém avisou que os anos 2010 seriam meio bagunçados. É hora de tomar fôlego para chegar até 2020 com a esperança de tempos mais calmos. O Jornalismo anda tateando para reencontrar o trilho. Não dá para generalizar. Mas não esperava ver jornalões com matéria caça-clique no estilo (já um clássico) “… e a internet vai à loucura”.

A Kéfera (pergunte a qualquer adolescente quem é) errou o dress code e, bem, a internet foi à loucura. Perdi meu tempo, mas precisava conferir. A matéria era mesmo um parágrafo seguido de prints de tweets para provar que a internet foi à loucura. No mesmo dia, viralizou o vídeo de uma repórter discutindo com uma mulher. A primeira não aguentou os desaforos da segunda.

A motivação foi a fala do apresentador do jornal, que sacou um comentário de senso comum que as pessoas querem ver alguém “gabaritado” reafirmar. Tudo em nome da audiência. Aquela senhora descobriu nosso embuste.

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E ainda tem o Trump. Mas aí é muita confusão para tentar entender como alguém com discurso de ódio (ou marketing de ódio), xenofobia e machismo ganha mais que o próprio voto. A essa altura o café já deve estar esfriando. É muita coisa para tentar entender. Sou só uma cronista que não entende.