Estamos no tempo da mobilidade, não há como recusar. Boa parte do que é lançado hoje é pensado no consumo via smartphone. Lulu diria que as modas de aplicativos e diferentes formas de conexão vêm em ondas, como um mar, num indo e vindo infinito. Foi assim com o Twitter com textos curtíssimos, depois com o Instagram, com imagens do momento vivido, e variações parecidas com esses dois. E tem o Facebook, que, dizem, está com os dias contados. Agora estamos na onda dos vídeos.

Continua depois da publicidade

O YouTube permitiu a mudança na forma de criação e consumo de vídeo. O que antes era restrito a quem tinha produtoras e uma emissora de tevê por trás, foi democratizado. Segura esse forninho (o Google pode lhe ajudar nesta tradução, caso necessário). O sucesso do YouTube é crescente. Mas os vídeos do momento são outros.

Tudo começou – ganhou muita força, ao menos – com o Snapchat. Ferramenta que faz sucesso entre os adolescentes há algum tempo por ter a vantagem de controle, mesmo que bastante limitado, de como fotos e vídeos pessoais se espalham por aí. Como as mensagens ficam disponíveis para visualização apenas 24 horas, a rede se popularizou para o envio de fotos, digamos, bastante pessoais. Mas as imagens estáticas tornaram-se minoria no aplicativo. O Snapchat mostrou que mesmo sem luz, equipamento ou mesmo assunto ideais é possível gravar vídeo e jogar na rede. O sucesso empurrou Zuckerberg para essa moda. Sem conseguir comprar o concorrente, ele teve de se adaptar.

No Facebook, as transmissões ao vivo começaram a lotar nossas timelines. A adesão foi pouca. Quem realmente tem aproveitado a ferramenta são os veículos de comunicação, que ainda tateiam em busca do caminho que levará ao futuro sustentável do próprio negócio e aderem as ondas para ver no que vai dar. O Instagram, que começou apenas com fotos, foi mudando aos poucos até que há uns dias Mark mostrou que leva a sério a máxima de que nada se cria, tudo se copia. Transformou o aplicativo de fotos num Frankenstein moderno aderindo à recente moda.

A onda é relativamente nova. Tantas outras virão com tecnologias que nós, mortais comuns, ainda nem imaginamos (vide internet das coisas). O que tem chamado a atenção – a minha, ao menos – é a adesão de um velho e péssimo hábito à novidade dos vídeos. Desde 1997 o Código de Trânsito Brasileiro proíbe o uso do celular enquanto se está ao volante. Lei que parece ser respeitada só quando tem um guarda por perto. Se antes o uso do celular era restrito a atender ou fazer ligações, o smartphone trouxe uma infinidade de funções igualmente incompatíveis com a direção de um carro. Os mais novos são os vídeos instantâneos e, na última semana, a caça dos bonequinhos proposta pelo jogo que mistura realidade e ficção, o Pokémon Go. Há quem aproveite o momento “ocioso” enquanto dirige para gravar, jogar, mandar mensagens escritas ou áudios. Nada contra nenhum dos aplicativos, mas tudo contra a prática de aspectos suicidas.

Continua depois da publicidade

Mexer no celular enquanto dirige pode aumentar até quatro vezes o risco de acidente. Dirigir com atenção é investir em segurança. Não há nada no celular que possa ser mais urgente que a integridade própria e do próximo. Novas tecnologias e velhos hábitos não combinam.