Aos 19 anos, o irreverente Cide Damiani não imaginava que surpreenderia tanta gente no futuro. Uma ida à praia mudou sua vida em 1977, quando ele foi barrado ao chegar atrasado para prestar o vestibular.

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– Eu era terrível. Sempre dormia na primeira aula, não estudava, colava. Eu ia à boate até com as professoras e se o professor ia tomar café, eu ia também – conta o empreendedor.

Como não queria depender de ninguém, decidiu começar a trabalhar em uma loja de confecção de roupas com o pai, Marino Damiani, e o tio. Depois, começou a fazer um curso técnico, mas, segundo seu próprio relato, continuou “terrível”.

– No curso técnico, eu assinei o livro negro várias vezes. Ia para a aula sem uniforme, pulava o muro, precisava de nota para passar. Hoje os professores me veem, me cumprimentam e se espantam dizendo: “ele deu certo!” – afirma.

Por quase dois anos, trabalhou com o pai e o tio. Mais tarde, decidiu caminhar com as próprias pernas e iniciar a empresa ao lado do primo. Com o pai como avalista, 10 colegas e sete máquinas de costura, ele deu início a Damyller. No dia 13 de março de 1979, começava a história da empresa em um prédio simples, na Rua João Pessoa, no Centro de Criciúma.

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O foco da Damyller sempre foi o jeans. No começo, a empresa trabalhava também com sarja colorida e veludo. Sem muito capital, Damiani chegou a pedir um empréstimo de veludo de dois comerciantes de São Paulo, que confiaram nele e faturaram um pedido de mercadoria sem receber.

– Em abril de 1979, eu fui a São Paulo e comecei a comprar o veludo de dois senhores que tinham quase 80 anos. Eu fui lá sozinho, os convenci e ganhei crédito. Faturaram normalmente, sem garantia, sem fiança, sem nada – conta Damiani.

Com o tempo, o negócio foi se expandindo. Em janeiro de 1991, a empresa mudou para a sede atual, em Nova Veneza. A unidade começou com 3 mil metros quadrados de área construída e hoje tem 20 mil metros quadrados. Recentemente, a empresa também inaugurou uma nova unidade no distrito do Rio Maina, em Criciúma, com 60 mil metros quadrados.

Planos de abrir seis novas lojas em 2014

Hoje com 119 lojas, das quais 19 foram inauguradas em 2013, o apoio de 2,6 mil funcionários no Brasil e uma produção média de 200 mil peças mensais, a Damyller tem prosperidade em seu DNA.

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Para 2014, Cide não pretende esbanjar ao celebrar os 35 anos da Damyller, mas presidir o crescimento com maturidade e cautela. Em virtude da Copa do Mundo, das eleições presidenciais e da possibilidade de protestos, o empresário prevê abrir no máximo seis e reformar dez lojas.

Para marcar o aniversário, a empresa fez uma reforma da loja de Criciúma. As unidades de Fortaleza e no Amazonas Shopping, em Manaus, também receberam investimentos. Outras duas lojas estão planejadas para entrar em reforma em seguida, além da abertura de mais uma ou duas lojas nesse primeiro semestre. Serão 73 nesse padrão de novo layout em 2014, afirma Damiani.

Com formato de lojas próprias, a Damyller é assediada para entrar no esquema de franchising.

– Optamos por atender o restante do Brasil como multimarcas – disse.

Investimento em inovação

Filha de Cide, a consultora de estilo Damylla Damiani conta que a Damyller investe em máquinas e viagens para munir a equipe de criação com as últimas tendências e tecnologia de ponta. A dinâmica faz parte do modo como funciona a marca, que produz novas peças semanalmente.

– Lançamos toda semana produtos novos, nossa equipe não trabalha com coleção fechada. A gente manda para a loja e a resposta é imediata, a gente já fica sabendo se vendeu ou não. Então vemos no que devemos investir mais, o que não deu certo. Todos esses dados têm um retorno muito rápido, coisa que uma franquia não tem – explica Damylla.

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No roteiro de viagens da equipe, além de São Paulo e Rio de Janeiro, passagens pela Europa para manter o design e os processos atualizados fizeram parte das ações que consagraram a marca como referência em jeanswear no Brasil.

– A gente pensa as peças de acordo com o que sentimos da demanda das lojas e também relacionado com a tendência do que a gente vê lá fora. A gente ia pra Europa e olhava aquele jeans lá de fora, pensava “que lindo”. Hoje a gente já tem um jeans à altura. A gente vai pra lá só para confirmar o que a gente está fazendo. Investimos tanto em tecnologia, em máquinas, que hoje a gente consegue fazer os mesmos efeitos do que vemos lá fora – aponta a consultora.

Hoje as peças passam por até 12 processos diferentes. Depois da costura, vem o enxágue manual, aplicação de laser, imbuído manual, que dá o efeito rasgado, entre outras inovações, tudo para tornar o jeans cada vez mais moderno.

Empresa familiar

Do nome à diretoria, a Damyller é uma empresa de família. Cide explica que a empresa foi batizada por uma mistura dos sobrenomes Damiani, do pai Marino, e Cavaller, da mãe.

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Na diretoria, ele tem ao seu lado os irmãos Noio, diretor administrativo, Juarez, diretor de logística, e Sidney, diretor industrial.

– Vai fazer 24 anos que nós estamos juntos e não deu nenhuma confusão. Aqui, cada um sabe aquilo que tem de fazer e se respeita. Cada um tem o seu vencimento e faz a sua retirada proporcional à sua participação – conta o fundador da Damyller.