O autor mais recluso da literatura brasileira nunca foi tão requisitado. Apenas 15 dias após ter seu nome anunciado como o vencedor do mais importante prêmio da Língua Portuguesa, o Camões (leia aqui), o paranaense Dalton Trevisan foi declarado hoje o ganhador do Prêmio Machado de Assis da Academia Brasileira de Letras. O anúncio foi feito hoje pelo júri, composto pelos acadêmicos Eduardo Potella, Lygia Fagundes Telles, Tarcísio Padilha, Sergio Paulo Rouanet e Geraldo Holanda Cavalcanti.
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Trevisan é considerado como um dos grandes contistas da literatura nacional. Suas narrativas secas, breves, de prosa cortante retratam personagens afundados em taras, obsessões e na vida cruel da marginalidade. Também é famoso pela sua aversão à chamada “vida literária”: ele não vai a eventos públicos, não dá autógrafos, não concede entrevistas e pouco sai de Curitiba, por onde costuma passear quase anônimo com regularidade.
De acordo com o parecer da comissão julgadora, Trevisan recebeu o prêmio por ser “um dos mais importantes narradores da ficção brasileira contemporânea”. O júri classificou Dalton como “portador de uma linguagem predominantemente interiorizante, porém sensível às movimentações sociais. Desde cedo, se afirmou, sobretudo na história curta, mais especificamente no conto. Trata-se de um contista personalíssimo navegando contra a corrente institucional do conto. Neste sentido, suas Novelas nada exemplares são exemplos desse esforço de abertura do gênero”.
Outros livros do autor destacados pelo júri foram A Faca no Coração, A Polaquinha, Crimes de Paixão e O Vampiro de Curitiba, entre outras. Dalton é ele próprio fascinado pela obra de Machado de Assis, que revisitou no livro Capitu Sou Eu. Ele também é um dos mais ardorosos da tese de que Capitu traiu sim Bentinho na obra-prima de Machado, Dom Casmurro.
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