Diário Catarinense – Essas médias reveladas pelo Enem refletem a qualidade de ensino da escola ou não?

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Otávio Auler – Com a ampliação do número de alunos inscritos no Enem e pela média de participação dos mesmos no exame, percebemos que a prova possibilita amplos estudos sobre o modelo de ensino e aprendizagem dos alunos de escolas públicas e particulares de todo Brasil, e claro demonstram novos rumos e reposicionamento da educação básica no país. Podemos dizer que o objetivo principal do Enem é o acesso e a mobilidade dos estudantes no ensino superior, só que na prática os dados do exame são valiosos para mensurar quantitativamente e qualitativamente a educação básica.

DC – O senhor estava falando sobre a diferença entre as particulares e as públicas. O que acontece com o ensino médio público?

Auler – O ministério da Educação (MEC) transformou o Enem em meio de acesso ao ensino superior em 2009, sem preparar a base, ou seja, a mudança foi de cima para baixo. O ideal seria uma formação para os professores, para o esse novo modelo e aos alunos um tempo de adaptação, sem falar que existem poucos materiais didáticos, simulados e eventos direcionados para o Enem nas escolas brasileiras. Outro ponto interessante é que a interdisciplinaridade tão incentivada nas universidades é muito pouco praticada no cotidiano.

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DC – A edição 2013 do Enem recebeu críticas sobre o conteúdo cobrado, mais parecido com um vestibular tradicional, isso pode implicar no próximo ano em médias ainda mais baixas?

Auler – Primeiramente é impossível fazer questões subjetivas e um modelo de questões objetivas e o Enem é prova da disso, cada vez mais o exame ficará parecido com os vestibulares, só mais cansativo e desgastante para os alunos. Segundo, o Enem interpretativo está dando lugar a uma prova tradicional por medo de ousar e, claro, ficar longe dos erros que marcaram outras edições.