O ensino superior foi o ramo da educação que mais cresceu em dez anos em Joinville, segundo dados do Censo 2010, divulgados há uma semana. O número de alunos matriculados em cursos de graduação e pós-graduação deu um salto de 132,2%, considerando o total de pessoas estudando no período. As especializações, mestrados e doutorados foram responsáveis pelo maior aumento: 425,5%.

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Para especialistas, os dados confirmam uma tendência visível nos últimos anos no País: o aumento na oferta de cursos, principalmente de pós-graduações, mais gente procurando especialização por exigência do mercado e também mais acesso à educação superior, seja por meio de programas como o ProUni, o Enem ou bolsas oferecidas pelas próprias instituições.

Para a pró-reitora de ensino da Univille, Ilanil Coelho, as universidades vêm compreendendo seu papel não só de atender o mercado, mas de transformá-lo.

O que precisa de atenção, segundo ela, é uma busca não só por quantidade de cursos e vagas, mas de qualidade. Ela também alerta sobre a necessidade um debate urgente em relação às licenciaturas (cursos que formam professores).

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– Temos um blecaute de novos professores de matemática, de história, de geografia, por questões que vão dos salários baixos às condições de trabalho.

Especialista em pós-graduações na Sociesc, Pedro Paulo Pamplona, diz que esta tendência é um caminho sem volta. Para ele, o curso natural é que cada vez mais pessoas façam não apenas a graduação, mas também especializações.

– Existem dois caminhos, que a instituição trabalha: necessidade de gestores com amplos conhecimentos focados em mercado e gestão, por exemplo, e de pessoas com conhecimento cada vez mais aprofundado em tecnologias. É a pós-graduação que oferece esse diferencial.

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Em números absolutos, as pessoas que cursavam ensino superior em Joinville 2000 eram 10,6 mil ou 8% de quem estudava, contra 27,9 mil ou 18,6% dos estudantes em 2010. As pessoas em pós-graduações passaram de 766 ou meio por cento dos estudantes para 4,5 mil ou 3% em dez anos. Os matriculados em graduações eram 9,8 mil em 2000 (7,43% dos estudantes) e passaram para 23,4 mil em 2010 (15,6%), um crescimento de 109%.

Busca incansável pelo diploma

Ele já vendeu violão, caixas de som e entregou pizza e jornais para poder pagar a faculdade de direito. Hoje, já tem pós graduação pela Escola do Ministério Público e aguarda ser chamado em uma série de concursos públicos: para oficial de justiça da Vara da Infância e Juventude, para advocacia em São Bento do Sul, na Cidasc e na Fundação do Meio Ambiente de Santa Catarina.

Norberto Nass, de 40 anos, é um dos joinvilenses que está dentro do boom do ensino superior na década. Dono de uma padaria, já casado e com filho, foi em um momento de dificuldade financeira que ele resolveu entrar na faculdade.

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– Como trabalhava à noite como entregador, brigava comigo mesmo para não dormir nas aulas, que eram de manhã -, conta.

A conclusão foi em 2007. No mesmo ano, passou na prova da OAB e começou a pós-graduação.

Educação infantil segue a tendência

As creches alavancaram o crescimento de outro setor em dez anos em Joinville: o da educação infantil, como mostram os novos dados do Censo. O número de alunos na educação infantil aumentou 60% de 2000 para 2010, considerando a representatividade desses alunos dentro do total de estudantes da cidade. As creches, em específico, tiveram um crescimento de 113,9%.

O aumento acompanha dois fenômenos, na visão de especialistas: a crescente emancipação das mulheres do lar, que recorrem às creches para deixar os filhos, e uma tendência de educação e alfabetização cada vez mais cedo. A proporção de alunos nos ensinos fundamental e médio – faixas que ainda detêm o maior número de estudantes de Joinville – caiu 25,9% e 2,7%, respectivamente, na década.

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