13 de janeiro de 2013:
Atelier Paris
Edifício construído em 1896, projetado pelo arquiteto Besnard, especialmente para a função de atelier de artista. Situado nas colinas de Montmartre, na rue des Abblesses, onde ilustres moradores viveram como Theo e seu irmão Van Gogh. Toulouse Lautrec, Picasso, Modigliani, Van Dongen, Max Jacob e tantos outros que também nesta região viveram, deram ao “quartier” a fama e o prestígio da “Cidade Luz”, onde as pedras falam de arte. Com altas janelas voltadas para a fachada norte onde a luz é ideal, por ser constante, grandes espaços com volumes de seis metros de pé direito se intercalam por mezzaninos.
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No 2º e 3º andar onde trabalho, tenho os meus cavalares, tintas, livros, telas e um rádio que jamais é desligado, mesmo quando saio. Muitas pessoas acendem velas ou incenso, eu uso a música para purificar. Lá pintei tantos quadros, para tantas exposições, entre eles a coleção Copacabana, inspirada na poesia e na música de seus anos dourados, especialmente para as comemorações de seu centenário em 1992. “Atelier de artista” em 1995. Em 1998, duas exposições muito importante para mim, La Fete Continue e Ilha de Santa Catarina. Depois muitas outras como: Le Libertin, Venise, Croisieres, Jazz-Danse, Le Parfum e Soixante-dix.
Da janela grito ao Mr. Thierry do restaurante em frente La Mascotte que me traga as ostras Fine de Claire nº3, que o champanha já está no gelo. Lá embaixo a rua é viva e musical. Com som próprio , orquestrada com os gritos dos comerciantes anunciando suas ofertas, a conversa animada nos “bistrôs”, o choro de acordeons e a melodia dos “chansonniers”.
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Por entre bancas de frutas, legumes, queijos, flores e peixes seus moradores circulam com a baguete debaixo do braço e na sacola o bom vinho. Numa esquina, algum pintor com seu cavalete registra o “Village Lepic-Abbsses” para qualquer dia ser visto em algum museu, o retrato da continuação deste tempo, que é assim há cem anos, pois muitas vezes olho no calendário para ter certeza do ano em que estou.
Quando compro o sagrado pão nosso de cada dia, a jovem padeira, gentil me cumprimenta: sua época. Feliz, sinto que juntos estamos apenas cumprindo a bela tarefa de dar continuidade à história da vida. Da Janela “viajante” pinto os meus quadros, fotografo a vida passando e o mundo desfilando na passarela do cotidiano. Um anjo de óculos de sol. Um velho senhor que não se sabe se está vindo ou indo… E até mesmo eu, tocando flauta no pão “Baguette”.