Uma conversa no MSN resume o que realmente importou na vitória do Inter sobre o Brasil-Pe por 2 a 0, no sábado. Da Itália, o atacante Alexandre Pato, que no domingo marcou um gol na vitória do Milan sobre o Empoli, pelo Campeonato Italiano, conversou pelo programa de troca de mensagens na internet com Bruno Junqueira, responsável pelo site de Fernandão.
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– Pato, o Beira-Rio está lindo. Tem umas 50 mil pessoas! – contou Bruno.
– Quero ver, quero ver! Me mostra! – pediu Pato.
E lá se foi Bruno atrás de alguém com laptop e webcam nas cabines de imprensa do Beira-Rio, para satisfazer o desejo de Pato.
Pato só tinha visto o estádio lotado deste jeito na final da Recopa. Naquela decisão, as roletas dos portões registraram 51.023 pessoas. No sábado, foram 46.472 colorados e cerca de mil xavantes, cuja charanga atrás de uma das goleiras protagonizou um espetáculo comovente. Mas era apenas a primeira fase do Gauchão. Por isso o espanto de Pato.
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Mais de 11 mil mulheres
O acesso livre para mulheres, em homenagem ao seu dia, ajudou para o público de Gre-Nal, recorde absoluto do campeonato até agora. Havia famílias inteiras no Beira-Rio. Exatas 11.709 avós, mães e filhas coloriram o Beira-Rio. E foram as filhas – mães e avós prestaram assessoria ajudando na hora de tirar as fotos, mas o show foi dos adolescentes, que promoveram um outro espetáculo.
Há duas formas de os jogadores deixarem o estádio: uma é pela entrada da imprensa, mais aberta. A outra é pelo acesso principal ao vestiário, a 50 metros dali, protegido por um portão de ferro aberto pelos seguranças toda vez que algum jogador vai sair. Imagine, então, o corre-corre pós-jogo, no sábado.
Renan apareceu na saída da imprensa e uma onda adolescente correu até lá. Dali a pouco, alguém surgiu no outro lado.
– É o Fernandão! É o Fernandão! – gritou alguém, liderando o deslocamento em bloco.
Era Orozco. Nota-se alguma decepção. O colombiano enfrenta algum assédio, mas elas rapidamente o largam e voltam-se para Renan. Andressa Fick (de 11 anos), Mallu Pasquale (de 14), Renata Medeiros (de 14), Natacha Oliveira (de 17) e Natália Barth (de 13) passaram uma hora dependuradas na grade à espera dos ídolos.
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– Renan, vem aqui para este lado! Deu, deu, vocês aí deste lado, ô: agora ele vem para cá – gritava Natália, tentando ordenar a busca dos autógrafos nos cadernos e nas camisetas.
Evento familiar
O jogo do recorde de público do Gauchão 2008 teve também alguns episódios que fizeram lembrar os anos 70 e o começo da década de 80, quando uma partida de futebol ainda era um evento familiar.
O serviço de alto-falante mandou cinco recados avisando aos pais que seus filhos se encontravam no portão X ou Y. Em jogos assim, crianças se perdem na multidão.
Houve até recado que fez o Beira-Rio gargalhar, sobretudo quando foi repetido, 10 minutos depois:
– Fulano, sua mulher está à sua espera no portão tal.
Flashes espocando enquanto a bola rolava no melhor estilo show de banda roqueira. Gritos flagrantemente juvenis no momento do gol perdido. A velha “ola”, a onda humana inventada pelos mexicanos na Copa de 1986.
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O jogo ficou no 2 a 0. Mas, desta vez, quem goleou foi a torcida.
Matéria atualizada às 14h17min.