A rápida aparição deles na areia branca traz aos visitantes da Ilha do Campeche, em Florianópolis, um misto de empolgação com apreensão. Ao mesmo tempo que posicionam os celulares para as tradicionais fotos e vídeos, turistas também buscam maneiras para evitar que os quatis avancem sobre a comida e os pertences.
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O animal de pele escura, pelo curto e rabo comprido se tornou um dos atrativos da praia que reúne anualmente milhares de turistas durante o verão. Vittorio Stringhini, de 10 anos, estava entre as pessoas ansiosas para avistar o mamífero durante a visita à praia da Ilha do Campeche. Para garantir a experiência, Flávio Pavlov, tio do garoto, montou uma armadilha para garantir que os pertences seguissem intactos.
— Nós montamos um perímetro para fazer a vigilância e deu tudo certo. A criança também cuidou bem dos pertences da turma — conta.
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Mas, apesar do sucesso entre os visitantes, o quati não é uma espécie característica da Ilha. Isto porque ele foi introduzidos intencionalmente no local por caçadores no século passado, como explica o geógrafo Aracidio de Freitas Barbosa Neto.
— Foram inseridos alguns animais no período do clube de caça, na década de 1940. O destaque é o quati, que perdura até os dias atuais — diz.
O problema da introdução dos quatis
Com hábitos noturnos, o quati é um animal carnívoro. Na Ilha do Campeche, em Santa Catarina, ele é avistado nas regiões de restinga próximas à praia e no interior da mata. No entanto, segundo o Instituto do Património Histórico e Artístico Nacional (Iphan), não é possível precisar a quantidade de animais que vivem atualmente no local.
“Pela falta de predadores naturais e oferta abundante de comida, o descontrole populacional da espécie é evidente. Estima-se que a densidade da população de quatis na Ilha seja quase o dobro da população em áreas continentais, onde a espécie é nativa”, pontuou o órgão nas redes sociais.
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O Iphan relata, ainda, a mudança nos hábitos do quati devido ao contato com os visitantes. Como os turistas passaram a alimentá-lo, o animal deixou de caçar e buscar alimento na mata, e passou a pedir ou roubar comida dos visitantes. Algo que traz sérias consequências ao meio ambiente.
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“Dar comida aos quatis favorece o aumento populacional, que desequilibra ainda mais o frágil ecossistema e provoca situações de stress no animal, ocasionando constantes disputas por território e alimento”, complementa.
— Apesar de ter vários pássaros bonitos, o destaque da Ilha é o quati, que é um animal que chega muito próximo das pessoas, é cativante, mas também bravo. Quando bem desafiados, eles podem morder, então, é todo um cuidado relacionado à fauna, mas é bem possível avistar os bichinhos, o que é bem interessante — alega o geógrafo Aracidio de Freitas Barbosa Neto.
Saiba os cuidados com os quatis
- Não alimente os quatis;
- Não toque nos quatis, apenas os observe e admire-os de longe;
- Respeite os quatis e o ambiente em que eles vivem.
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O sumiço dos quatis em 2012
Em 2012, um mistério passou a rondar a Ilha do Campeche: o desaparecimento de centenas de quatis durante o verão. Na época, segundo o Jornal Zero Hora, a Polícia Ambiental e a Fundação do Meio Ambiente (Fatma) realizaram vistorias na região afim de apurar um suposto crime ambiental. Isto porque moradores da região alegavam que os animais tinham sido envenenados e degolados.
Depois de mais de dez anos, o caso segue sem solução, mas continua na memória daqueles que atuam na conservação da Ilha.
— Teve um período em que ocorreu um desaparecimento dos quatis, mas até hoje a gente ainda não sabe como aconteceu. Tudo ainda está em investigação — conta Lucas Zimermman Pires, coordenador do Programa de Visitação das Trilhas Terrestres da Ilha do Campeche.
A flora da Ilha do Campeche
Muito além dos quatis, a Ilha do Campeche surge como um pedaço da Mata Atlântica no litoral catarinense, mesmo com as centenas de transformações que sofreu nos últimos séculos. Conforme o Iphan, a vegetação é considerada uma floresta em recuperação devido ao desmatamento, principalmente para a criação de roças e de engenhos que produziam o óleo de baleia.
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A flora, no entanto, traz diferenças também em seu interior. Isto porque a mesma espécie pode ser de uma forma na região da praia, e de outra na parte montanhosa, como explica o geógrafo Aracidio de Freitas Barbosa Neto.
— Nós temos na Ilha um contexto muito didático de analisar tanto a sucessão ecológica, que acontece naturalmente, quanto de reposição das plantas, e um contexto de que a ilha tem duas faces — diz.
Uma face da Ilha é voltada para Oeste, para o mar mais calmo, onde a vegetação tem uma forma mais florestal, com os troncos mais retos. As espécies às vezes são as mesmas encontradas do outro lado da Ilha, onde o vento, o sol e o sal agridem mais a vegetação.
— Então, tem todo um outro jeito de manifestação das espécies, principalmente do Araça que a gente vê lá na praia bem compridão, mas, depois, quando a gente passa do divisor de águas, ele é encontrado todo enrolado e torcido — explica o geógrafo.
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Confira fotos da Ilha do Campeche
Vídeo mostra detalhes da Ilha do Campeche
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