Em 7 de novembro de 1975 foi publicada a lei que cria a reserva do Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, atingido desde terça-feira (10) por um incêndio de grandes proporções. A área do parque representa cerca de 1% do território catarinense, abrange oito municípios, oito ilhas costeiras, 2.292 nascentes e milhares de espécies de plantas e animais, alguns encontrados apenas nesta reserva.
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A água disponível nos mananciais do Parque da Serra do Tabuleiro permite captação para atender 2 milhões de pessoas, população estimada para 2035 na Grande Florianópolis. É a maior unidade de conservação do Estado. As maiores porções da reserva estão nos municípios de Paulo Lopes (29,29%), Santo Amaro da Imperatriz (23,82%), e Palhoça (17,52%), segundo dados do Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA).
Formações vegetais
O Parque Estadual está localizado em uma região estratégica, única e remanescente da Mata Atlântica. Tem uma ampla diversidade de habitats, e abrange quase todas as grandes formações vegetais do bioma encontradas no Estado de Santa Catarina.
A cobertura vegetal do parque inclui diversos tipos de vegetação, como florestas ombrófilas (floresta tropical pluvial) densa e mista, brejos, mangues e restinga, além de áreas de refúgios vegetacionais e de reflorestamento.
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O parque tem relevo montanhoso, com picos de até 1.260 metros nas proximidades da costa, formando uma parede que concentra umidade do oceano e cria condições climáticas adversas. São obstáculos naturais para animais e plantas, tornando o Parque Estadual da Serra do Tabuleiro um refúgio singular para inúmeras espécies.

Espécies ameaçadas de extinção
A unidade representa uma importante área para manutenção da fauna e flora, com a presença de diversas espécies ameaçadas de extinção. No Parque do Tabuleiro, é possível encontrar espécies típicas da Mata Atlântica, como o gato-do-mato, e outras nem tanto, como um tipo de preá, que recebeu o título de mamífero mais raro do mundo por haver menos de 100 unidades no mundo. Todos os exemplares estão na ilha Moleques do Sul, umas das oito costeiras que integram o território do parque.

Mananciais
Em relação à hidrografia, mapeamento realizado pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Sustentável (SDS) em 2012 identificou mais de 2 mil nascentes no parque.
Considerando sua classificação como Parque Estadual, a unidade de conservação está enquadrada como Proteção Integral, admitindo o uso indireto dos seus atributos naturais, ou seja, aquele que não envolve coleta e uso, comercial ou não, dos recursos.
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Uma das atividades permitidas é a educação ambiental, pois não afeta negativamente a unidade e contribui com a integração da sociedade com o parque.

Padre foi o idealizador do Parque
O padre Raulino Reitz, principal idealizador Parque da Serra do Tabuleiro e da antiga Fundação do Meio Ambiente de Santa Catarina (Fatma), hoje IMA, era um católico darwinista, como mostrou reportagem publicada pelo Diário Catarinense nos 40 anos da lei que transformou a área em reserva.
Mesmo após o reconhecimento como expoente de estudos botânicos em Santa Catarina, ele nunca deixou de realizar missas em Antônio Carlos, sua terra natal. Foi assim que a dualidade entre ciência e religião conviveram com o padre ao longo dos seus 71 anos em sintonia.
Além de fazer parte de um gigantesco acervo da flora catarinense, é dele a responsabilidade dos estudos e argumentos que justificaram a criação do Parque do Tabuleiro, além da base teórica para elaborar outras reservas e a própria Fatma, órgão que ele presidiu e ajudou a fundar.
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Foram mais de 28 mil espécies de plantas catalogadas, sendo 350 descobertas, em meio século de carreira botânica. O padre Raulino Reitz faleceu em 19 de novembro de 1990, após um mal súbito durante uma cerimônia de homenagem a ele na Câmara de Vereadores de Itajaí. Foi sepultado em um jardim ao lado da Igreja Matriz de Antônio Carlos. A espécie? Bromélias, sua planta favorita.