Expor um animal na principal vitrine agropecuária do Estado, que começa a receber seus potenciais campeões a partir de hoje, requer bem além da disposição de seus criadores.
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Com custos que vão do frete para transportar os exemplares até a mão de obra de tratadores, o investimento tem se justificado cada vez mais para exposição do que para negócios.
As despesas fixas para trazer um animal à feira são uma das explicações para a redução de 10% do número de animais de argola inscritos na Expointer deste ano.
– O custo para deslocar um animal para feiras tem aumentado ano a ano, reforçando uma tendência verificada não apenas aqui no Estado, mas também em eventos importantes como Feicorte (em São Paulo) e Expo Londrina – compara Honório de Azevedo Franco, chefe do Serviço de Exposições e Feiras da Secretaria da Agricultura.
Conforme Franco, se a perspectiva se consolidar nos próximos anos, cada vez mais os criadores irão optar por vender seus animais em remates regionais ou nas propriedades, e levar à feira somente animais selecionados. Entre as raças bovinas, a redução dos animais foi de 18%, com destaque ao hereford, que terá volume 50% menor de exemplares neste ano. Conforme o presidente da Associação Brasileira de Hereford e Braford, Fernando Lopa, a redução deveu-se também ao atraso nas pastagens em razão do clima rigoroso do inverno. Para Lopa, a escolha dos criadores em participar de feiras que exigem despesas maiores é feita de acordo com o momento do mercado e a expectativa de negócios:
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A redução de animais inscritos verificou-se também entre os ovinos, com texel registrando queda de 27%.
– Nosso período de maior comercialização é no verão, por isso alguns produtores preferem esperar para vender até para conseguir um preço melhor – explica Paulo Schwab, presidente da Associação Brasileira de Criadores de Ovinos (Arco).
Mais negócios nas fazendas
Valorizar a Expointer como exposição e deixar os negócios para dentro da fazenda foi a estratégia adotada pela Gap Genética, de Uruguaiana. O remate de cavalos crioulos realizado no ano passado em Esteio, responsável por um dos maiores faturamentos da feira (R$ 3 milhões), será promovido no fim de setembro, na sede da propriedade. Para a Expointer, a cabanha irá levar apenas um cavalo crioulo para disputar o Freio de Ouro, além de outros dois para exposição e oito bovinos da raça brangus premiados.
– Decidimos unificar os remates de crioulos e bovinos em um só evento, dando oportunidade para os compradores conhecerem onde os animais são criados – explica Márcia Linhares, uma das administradoras da Gap.
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Para o consultor agropecuário Fernando Furtado Velloso, a importância de feiras agropecuárias para seleção de animais passou a dividir espaço com a incorporação de novas tecnologias nos processos de seleção e melhoramento.
– Antigamente, ser campeão de uma feira era a principal forma de valorizar os animais. Hoje, há análises técnicas complementares à exposição para selecionar exemplares mais eficientes geneticamente – explica Velloso.
Quanto custa levar um animal a esteio
Despesas envolvidas no transporte e na manutenção de um bovino
– Inscrições: variam de R$ 150 a R$ 250 por animal
– Frete: R$ 3 a R$ 5,50 por quilômetro rodado. (Para cada 500 quilômetros, cobra-se em média R$ 1,5 mil para transportar até 20 animais)
– Tratador de animais: diárias custam de R$ 100 a R$ 150, sem contar horas extras e alimentação
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– Se o animal permanecer no parque nos nove dias da feira, são mais de R$ 1 mil para um tratador, sendo que são necessárias no mínimo duas pessoas para cobrir todos os turnos
– Alimentação: por estarem longe do ambiente habitual, muitos animais precisam de alimentação adicional à ração e feno, com alguma suplementação
– Custos extra financeiros: perda de peso dos animais e estresse em bretes. Alguns bovinos rústicos chegam a perder 20 quilos no deslocamento e nos dias que permanecem no parque, por estranhar a água e o ambiente
Fonte: Associação Brasileira de Hereford e Braford