– O melhor é dançar.
– E sermos julgados loucos, senhor Coelho?
– Você conhece algum lúcido feliz?
– Tem razão. Vamos dançar.
Continua depois da publicidade
O famoso diálogo da história de Alice no País das Maravilhas questiona a fronteira entre felicidade, razão e loucura. E se louco é ser feliz, você se chamaria assim? O ator e diretor carioca Daniel Lobo mergulha nos meandros da lucidez versus loucura no instigante e premiado Nise da Silveira – Guerreira da Paz. Combinando dança, teatro, música e elementos multimídia, o espetáculo traz a história da médica que revolucionou a psiquiatria no Brasil. A curta temporada, de hoje até domingo em Florianópolis, contará com a presença da bailarina Ana Botafogo, responsável pela coreografia, e do pianista João Carlos Assis Brasil, autor da trilha original.
Esta é a terceira montagem da peça concebida em 2008 por Daniel. Nas primeiras versões Nise da Silveira era interpretada pela atriz Mariana Terra. Agora, além de dirigir, Daniel mergulha no desafio de atuar.
LEIA TAMBÉM
Guia cultural da Grande Florianópolis
Turnê do Projeto Qu4tro – Musicasa Potiguá encerra nesta sexta
– Pensei: eu, um ator, fazer a Nise? Achei que poderia encarar esse jogo de esquizofrenia, loucura. Eu me posiciono não de forma sã. Sou o louco, a Nise, a mãe dela, sou eu mesmo. E tenho sim essa pretensão, em vários momentos estou em primeira pessoa. Às vezes desconstruo a figura dela, noutras debocho – diz.
Continua depois da publicidade
O ator interpreta a alagoana até o final de sua vida, aos 94 anos. E rompe a performance: recita poemas, dança e dialoga com outros elementos, como a voz da monja Coen, que dá vida ao psicanalista Carl Jung, e de projeções do poeta Ferreira Gullar. Fatos como a amizade com Manuel Bandeira e a prisão no governo Getúlio Vargas estão na narrativa.
COREOGRAFIA DE ANA BOTAFOGO
A bailarina Ana Botafogo assinou a coreografia contemporânea do espetáculo. Na segunda versão ela chegou a participar e agora, na Capital, estará presente como espectadora, além de participar de debate.
– A pesquisa coreográfica baseou-se nos trabalhos dos pacientes de Nise, quem ela chamava de camafeus. Trabalhei em cima da característica de cada um deles: tinha quem gostasse de céu, de flor, de pintar – explica.
Continua depois da publicidade
Discípula de Carl Jung, Nise da Silveira foi uma das primeiras mulheres a se formar em Medicina no país. Revolucionou a psiquiatria ao se negar a praticar terapias com eletrochoque e criticar a forma como eram tratados os ditos “loucos”. Criou ateliês de arte em hospitais psiquiátricos e pesquisou as expressões simbólicas evocadas nas pinturas dos pacientes para mergulhar no universo do inconsciente deles.
O projeto foi consagrado em São Paulo como um dos melhores espetáculos em votação popular do Prêmio Aplauso Brasil (melhor diretor para Daniel Lobo e melhor trilha original para João Carlos Assis Brasil). A apresentação neste fim de semana inclui a gravação do DVD duplo e a exposição Nise de Lótus, do escultor Martin Ricciardi.
Agende-se
O quê: espetáculo Nise da Silveira – Guerreira da Paz
Quando: hoje e amanhã, às 21h, domingo, às 20h
Onde: Teatro Pedro Ivo (Rod. SC-401, 4.600, Saco Grande, Florianópolis)
Quanto: plateia inferior: R$ 50 / R$ 25 (meia e Clube do Assinante – titular e acompanhante). Plateia superior: R$ 40 / R$ 20 (meia e Clube do Assinante – titular e acompanhante).
Continua depois da publicidade
Informações: (48) 3665-1630