O idioma é o alemão. A letra é bonita. O problema é que poucos conseguem entender o que dizem os documentos na tela do computador de Curt Hoeltgebaum. São arquivos do período de fundação de Blumenau. Eles revelam como foi a administração da cidade há pelo menos 150 anos. Só que para conhecer os detalhes dessa história é preciso transcrição.

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Não se trata de tirar da língua germânica e colocar em português. O trabalho consiste em passar para o alfabeto atual textos escritos em um abecedário muito antigo. E, ainda por cima, com uma caligrafia cursiva bem desenhada. É o que alguns chamam de alemão gótico, explica o aposentado de 86 anos.

– Às vezes consigo transcrever até 90% do que está em alemão, mas ficam umas lacunas. É um material antigo, com mais de 150 anos, já sofreu com a ação do tempo. Então é difícil, mas tento contribuir o máximo possível – confessa Hoeltgebaum.

A tarefa começou em 2006, meio por acaso. O professor se dedicava a montar a árvore genealógica da família e por vezes consultou documentos disponíveis na Fundação Cultural de Blumenau. Ele mostrou tanta desenvoltura para decifrar os textos que recebeu o convite para transcrever as quase sete mil páginas.

É uma missão que exige paciência, pois muitos dos textos são verdadeiros rascunhos. O fato revela a preocupação de doutor Blumenau em manter consigo uma cópia de cada documento que escrevia. Assim, muitos dos papéis que ficavam com ele não tinham aquele capricho.

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Curt Hoeltgebaum começou as transcrições em 2006
Curt Hoeltgebaum começou as transcrições em 2006 (Foto: Patrick Rodrigues)

– Esse é um material que doutor Blumenau acumulou ao longo do trabalho aqui na cidade, desde que ele começou a colônia como empreendimento particular e depois quando ele passou a colônia para o governo imperial. Isso tudo foi para a Alemanha com ele e depois passou para as mãos da filha, que depositou no arquivo de Volfembutel, onde foi fotografado – explica o transcritor.

Atualmente, as cópias digitalizadas dos arquivos originais estão disponíveis na Secretaria Municipal de Cultura. Qualquer pessoa pode consultar, mas com o trabalho de Hoeltgebaum, é mais fácil de compreender. Já são mais de mil páginas transcritas.

No computador de casa, onde faz o trabalho, o transcritor também assumiu para si outro desafio. Colocar os arquivos em ordem cronológica, para facilitar o entendimento do leitor sobre a origem da cidade onde ele nasceu, casou e teve três filhos, com quem compartilha as curiosidades guardadas em cada página.

Não é tem um vínculo empregatício, é pela curiosidade e satisfação – reconhece Hoeltgebaum.

ESPECIAL: acesse a página sobre o Dr. Blumenau

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