O seu Hercílio Rosa Neto, de 43 anos, trabalha como autônomo. Precisa correr atrás de bicos lá e cá para se manter. Num desses trampos, trabalhou como mecânico de máquinas usadas para fazer pão. Conheceu padarias, supermercados, e viu, in loco, como tudo funcionava. Ali descobriu uma oportunidade de conquistar um emprego fixo. Decidiu que queria ser padeiro e confeiteiro.

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A oportunidade surgiu alguns meses depois, com apoio do Centro de Referência de Assistência Social (Cras) de São José, numa parceria com a Universidade do Vale do Itajaí (Univali) e patrocínio da Petrobras. Ele se inscreveu, conseguiu uma vaga e agora participa da capacitação Academia do Pão, que está profissionalizando pessoas nas áreas de panificação e confeitaria. O curso tem duração de quatro meses e o principal objetivo é suprir a demanda do mercado de trabalho na área, estimular o empreendedorismo, o cooperativismo, e claro, a geração de renda para famílias. Atualmente, 12 pessoas participam da iniciativa. Todas já possuíam cadastro no Cras.

De acordo com a coordenadora do projeto, Flávia Deucher Secca, da Univali, um levantamento das principais necessidades do mercado na área de serviços verificou uma escassez de mão de obra na área de panificação. O curso já foi realizado no ano passado em Florianópolis e neste ano em São José. A diferença veio com o novo patrocínio e com a ideia de transformar o grupo de alunos numa associação produtiva.

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— Com a capacitação, eles poderão trabalhar de forma autônoma ou por CLT, e estamos buscando criar uma associação produtiva para eles venderem de forma legal os produtos — explicou Flávia.

A ideia é diminuir a burocracia para a aquisição de documentos e tudo o que possa desestimular o pequeno empreendedor no início do negócio.

— A Univali vai agilizar todo o processo burocrático até quando for necessário. A ideia é que a associação exista mesmo com o fim do curso, e que eles mantenham por conta própria o negócio — detalhou a coordenadora.

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Renda extra

A aluna Débora Nascimento, 30, que é professora e atualmente está desempregada, se matriculou no curso para incrementar a renda. Ela tem interesse em se manter na associação produtiva, para conseguir vender seus produtos de forma legal e fazer aquela graninha extra. Sempre adorou cozinhar, e viu no curso a oportunidade de unir o útil ao agradável. Por enquanto, ensaia as delícias com seus dois filhos: os principais degustadores.

— Eles estão aproveitando e adorando. Já tenho um sinal positivo para o futuro — contou a aluna.

Por enquanto, de forma artesanal, os novos confeiteiros e padeiros irão vender seus produtos em feiras. Neste mês, eles já passaram pela Feira da Freguesia, que ocorre no Centro Histórico de São José, e fizeram sucesso com vendas de Colombas Pascais, um tipo de panetone feito para a Páscoa.

Do pãozinho ao bolo confeitado

O curso Academia do Pão não é avançado, como observou o professor, padeiro e confeiteiro há 18 anos, Sidnei de Lara Cabral. Ele ensina desde o início o que faz cada ingrediente, quanto tempo a massa deve permanecer no forno, e coisas básicas como desde fazer o pãozinho, a broa, o bolo e até biscoitos. A capacitação ainda orienta os alunos sobre como quantificar seus produtos e ainda os leva para conhecer padarias e supermercados, através de visitas técnicas.

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— Essa é uma área que trabalha muito com reputação. Com a qualidade do teu produto e profissionalismo. É uma carreira com vários degraus, que pode render um bom salário — disse o professor, salientando que hoje em dia tem padeiro expert ganhando na casa dos R$ 6 mil.

O seu Hercílio Neto está ligado que a carreira é uma escalada e tem consciência que, para ficar conhecido na região como um padeiro de mão cheia, terá que entrar de cabeça no mercado de trabalho para mais tarde, quem sabe, abrir seu próprio negócio. O sonho? Uma padaria para chamar de sua.

Serviço

Por enquanto, explicou a coordenadora do projeto da Univali, Flávia Secca, não está prevista uma nova edição do curso Academia do Pão. Mas a Univali, em parceria com a prefeitura de São José e o Cras, já está prevendo cursos menores e mais específicos, de um dia, como o de cupcake, pão sem glúten, com ervas, entre outros. As datas ainda não estão confirmadas, mas já é possível procurar o Cras para garantir uma vaga. O espaço fica na Avenida Osvaldo Jose do Amaral, a Avenida das Torres, no bairro Areias. As dúvidas também podem ser tiradas pelo telefone (48) 3246-7474.

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