A presença do elefante-marinho na Avenida Atlântica em Balneário Camboriú, no Litoral Norte, no último sábado, é rara. Especialistas explicam que o animal é típico de águas mais frias, como da Argentina e do Chile. O caráter inusitado da situação também levanta questões sobre o comportamento desses animais.

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Cada movimento do animal era acompanhado com um coro de “ai, que lindo”, enquanto alguns chegaram a jogar água, pensando em ajudar. Para o especialista em Oceanografia Biológica André Silva Barreto, essas atitudes podem ter contribuído para estressar o animal.

– Por serem grandes, os elefantes-marinhos não costumam ter medo. Ele não se sentiu ameaçado mas, provavelmente, incomodado – relata.

De acordo com Barreto, é provável que o animal, que saiu da água para descansar, estivesse sozinho. Fora da época de reprodução, a espécie costuma nadar solitária ou, mais raramente, em casais. É normal os mais jovens explorarem mais novos locais por curiosidade, como os adolescentes da espécie humana.

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Ele acredita que seja esse o caso do elefante-marinho em Balneário Camboriú. Para o professor, o tamanho e o focinho do animal caracterizavam um elefante-marinho macho e jovem. Mas a idade e o sexo do animal de quase 300 quilos causam divergências entre os especialistas.

Ao analisar as fotos, o zoólogo e doutor em Biologia Animal Sérgio Althoff, professor da Universidade Regional de Blumenau (Furb), apontou se tratar de uma fêmea da espécie. Até a nomeação das espécies chegou a gerar dúvidas a princípio, em função das similaridades.

Os especialistas relatam, no entanto, que já houve ocorrências parecidas até no nordeste do país, pela capacidade de natação bem desenvolvida. Barreto lembra que ano passado apareceu um que parou em Itajaí e em Barra Velha, também no Litoral Norte, mas saiu sem tantos holofotes, longe dos olhares de banhistas.

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Presença em área urbana é um alerta

Para o doutor em Oceanografia Física e gerente de projetos e pesquisa do Instituto Ekko Brasil de Florianópolis, Carvalho Junior, cenas como essa em plena área urbana são um alerta, pois o ideal era o animal encontrar uma praia com dunas e vegetação para repor as energias.

– A praia se tornou um depósito de banhista, não tem mais essa função ecológica, para o animal descansar – acrescenta.