Os curdos do Iraque começaram a votar nesta segunda-feira (25) em um referendo de independência que deve abrir o caminho para um Estado – uma reivindicação de quase um século.
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Estimulada pelo presidente curdo, Massud Barzani, a votação acontece na região autônoma do Curdistão (norte do Iraque), que inclui as províncias de Erbil, Solimaina e Duhok, assim como nas zonas que os curdos disputam com o governo central iraquiano.
A consulta representa um desafio para o primeiro-ministro iraquiano, Haider al-Abadi, que prometeu adotar “as medidas necessárias” para preservar a unidade nacional.
Preocupados com a possibilidade de que suas minorias curdas tentem seguir o exemplo, países vizinhos como Turquia e Irã também ameaçaram adotar represálias.
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A pedido do Iraque, o Irã proibiu os voos para o Curdistão iraquiano. O país também fechou as fronteiras com o Curdistão iraquiano.
Já o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, anunciou o fechamento de sua fronteira com o norte do Iraque e ameaçou suspender as exportações curdas de petróleo através do território turco.
O governo iraquiano também pediu aos sócios que negociem apenas com Bagdá as questões relacionadas ao petróleo.
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O Curdistão produz em média 600.000 barris por dia, e 550.000 são exportados através da Turquia.
Os locais de votação permanecerão abertos até 18h (12h de Brasília). Um total de 5.375.000 eleitores estão registrados.
Uma grande multidão votou logo após a abertura das zonas eleitorais nas duas maiores cidades da região, Erbil e Solimania.
De acordo com a agência curda Rudaw, o presidente Massud Barzani, sorridente e com uma vestimenta tradicional, votou cedo.
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No total, 12.072 centros de votação foram estabelecidos na região autônoma do Curdistão e em outras áreas disputadas entre os curdos e o governo central iraquianos.
Os primeiros resultados serão anunciados 24 horas depois da votação, mas existem poucas dúvidas sobre a provável vitória do “Sim”.
Divididos entre Iraque, Síria, Irã e Turquia, os curdos nunca aceitaram o tratado de Lausanne de 1923, o qual os deixou sem um Estado independente.
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No domingo, o presidente curdo, Massud Barzani, garantiu que será inflexível.
“A associação com Bagdá fracassou e não vamos retomá-la. Chegamos à convicção de que a independência permitirá não repetir as tragédias do passado”, disse.
Já o primeiro-ministro iraquiano rejeitou a separação em um discurso.
“Tomar uma decisão unilateral que afeta a unidade do Iraque e sua segurança, assim como a segurança da região, com um referendo de separação vai contra a Constituição e a paz civil”, denunciou Haider al-Abadi.
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* AFP