As forças curdas iraquianas recuperaram nesta sexta-feira o controle da cidade de Sinjar, até então nas mãos do grupo jihadista Estado Islâmico (EI), cortando assim uma estratégica rota utilizada pelos terroristas entre o Iraque e a Síria.

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“Estou aqui para anunciar a libertação de Sinjar”, declarou o líder da região autônoma do Curdistão iraquiano, Massud Barzani, durante uma coletiva de imprensa perto desta cidade do norte do Iraque.

Pouco antes, o secretário de Estado americano, John Kerry, afirmou estar “absolutamente confiante” de que Sinjar será libertada “nos próximos dias” graças a ofensiva das forças curdas, lançada na quinta-feira com o apoio dos ataques aéreos da coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos e de conselheiros americanos no terreno.

Pela manhã, combatentes Peshmergas entraram na cidade a pé, a partir do norte.

Eles exibiam bandeiras do Curdistão, disparando para o ar, aos gritos de “Longa vida aos Peshmergas!” e “Longa vida ao Curdistão!”.

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A visão da cidade é de desolação, com casas, lojas e carros destruídos.

Slogans dos jihadistas, sobretudo as palavras “Estado Islâmico”, foram pintados em algumas casas, e barris contendo explosivos foram aparentemente deixados pelos terroristas em um bairro.

A retomada de Sinjar pode desferir um importante golpe contra os jihadistas no plano estratégico, mas também representar uma importante vitória simbólica: os jihadistas tomaram a cidade em agosto de 2014, cometendo inúmeros abusos contra sua população yazidi, de língua curda.

Apoiados por combatentes yazidis e pelos bombardeios aéreos da coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos, milhares de combatentes curdos (Peshmergas) lançaram uma grande ofensiva na quinta-feira.

Suicidas e atiradores

“Sinjar está isolada pelos combatentes ou tiros”, indicou nesta manhã o coronel Steve Warren, porta-voz da coalizão internacional, em referência aos ataques aéreos.

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Segundo um comandante curdo, Khalaf Murad Atto, suicidas do EI ainda estão em Sinjar. Um combatente yazidi, Rasho Mourad, indicou que atiradores e bombas também são uma ameaça.

Uma das tarefas que esperam as forças curdas na cidade é desarmar as bombas deixadas pelos jihadistas, uma tática amplamente utilizada pelo EI para evitar seus inimigos de entrar em uma cidade.

Até 7.500 combatentes curdos participam na operação para retomar Sinjar e “estabelecer uma zona tampão para proteger (a cidade) e seu povo”, segundo o Conselho de Segurança da região autônoma do Curdistão iraquiano (KRSC), no norte do país.

Conselheiros militares americanos estão “na montanha de Sinjar para ajudar” os Peshmergas “a selecionar alvos para ataques aéreos”, indicou, por sua vez, o porta-voz do Pentágono, Peter Cook.

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Um oficial da inteligência militar americana, o capitão Chance McCraw, afirmou em Bagdá que os Peshmergas enfrentam de 300 a 400 jihadistas na localidade de Sinjar.

Vários veículos carregados com explosivos foram alvejados pelas incursões da coalizão antes de os curdos entrarem na cidade, enquanto os Peshmergas destruíram outro com um míssil anti-tanque Milan, de acordo com KRSC.

A cidade de Sinjar fica em uma rota estratégica que liga Mossul (norte), reduto dos jihadistas no Iraque, à Síria, onde o EI também controla vastos territórios.

O objetivo da operação é isolar Mossul, segundo Steve Warren.

“Ao cortar a comunicação na autoestrada 47 (do Iraque à Síria) estamos reduzindo a capacidade de abastecimento do EI”, completou Warren.

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O fato da operação em Sinjar acontecer ao mesmo tempo que outras ações contra o EI no Iraque e na síria aumenta a pressão sobre o grupo jihadista.

A operação “Paralisar o inimigo”, que “deverá tomar decisões muito difíceis” nas frentes que precisa para fortalecer, disse Steve Warren.

Durante sua ofensiva em agosto de 2014 em Sinjar, o EI executou muitos homens yazidis, uma comunidade que considera herética, e sequestrou centenas de mulheres, vendidas como noivas para jihadistas ou reduzidas a escravas sexuais, segundo a Anistia Internacional.

O ataque foi descrito pela ONU como “genocídio”. Dezenas de milhares de yazidis se refugiaram nas montanhas de Sinjar, permanecendo bloqueados por semanas sem água, comida e submetidos a altas temperaturas.

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Já no Iraque, um suicida matou 12 pessoas durante o funeral de um combatente xiita em Bagdá, segundo autoridades locais.

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