Impactados com a recente onda de violência em São Paulo e Santa Catarina, a cúpula nacional de secretários da Segurança Pública e das polícias Civil e Militar anunciou, na sexta-feira, em Florianópolis, incremento nas ações de inteligência e combate às organizações criminosas.

Continua depois da publicidade

A decisão saiu ao final do encontro entre os dirigentes da segurança, reunidos desde quinta-feira na Capital. Durante os dias do evento, no Hotel Majestic, o aparato policial foi reforçado na região, pois as autoridades temiam ser surpreendidas com ataque criminoso.

Derrubar o poder das facções que assolam a população com ataques aos próprios agentes da segurança é o principal desafio da segurança nacional. As palavras mais ressaltadas nas discussões foram troca de informações, mas também houve manifestações particulares de queixas em relação à legislação e à atuação do Judiciário na causa.

A secretária Nacional de Segurança Pública, Regina Miki (confira entrevista), participou das reuniões e foi homenageada. Uma das ausências lembradas foi a do secretário de Segurança do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, que tem se destacado à frente do combate ao crime e nos projetos de pacificações de comunidades.

Continua depois da publicidade

ENTREVISTA: Regina Miki, secretária Nacional de Segurança Pública.

Diário Catarinense – Por que estamos cada vez mais reféns dessas facções criminosas, como em São Paulo e Santa Catarina?

Regina Miki – Eu acho que nós demoramos inclusive a assumir essas organizações criminosas e, como não as conhecíamos a fundo, ficamos aí num ponto até mesmo preocupante. Mas eu acho que hoje já estamos com uma agência criada em São Paulo e estamos trabalhando dentro da inteligência. O ponto crucial disso é a asfixia financeira dessas organizações.

DC – Por que SC sofreu esses ataques, na sua opinião?

Regina – Santa Catarina era um lugar muito tranquilo, sempre foi muito tranquilo e não tínhamos a dimensão do que poderia acontecer. Hoje sabemos que ninguém está imune a isso e os ataques não foram contra SC e SP. Na minha opinião, é uma afronta contra o governo brasileiro, o povo brasileiro. Temos que estar unidos, razão pela qual essas razões são de suma importância.

Continua depois da publicidade

DC – SC há dois anos não consegue construir uma penitenciária nem um centro para internação de adolescentes infratores. Por quê?

Regina – Na realidade, a dificuldade da construção é muito grande nesse sentido por causa de um modelo de adequação, de espaço, mas temos a plena convicção de que agora, com a nova planta executiva, vamos conseguir tirar isso do papel.

DC – Policiais reclamam muito que eles prendem e o Judiciário solta. Na sua opinião, o Judiciário está fazendo a sua parte nesse combate à criminalidade?

Continua depois da publicidade

Regina – Acho que temos de trabalhar num fluxo integrado de segurança pública, o de Justiça e o sistema prisional. Há um entendimento, e todos nós temos direito ao contraditório, a recursos e eu não posso julgar uma ação do Judiciário. Mas creio que os juízes estão sensibilizados para que possamos trabalhar cada vez mais unidos com a polícia e possamos ter pessoas que necessitam realmente de estar encarcerados e aqueles que tenham direito a pena alternativa que isso seja feito.

DC – A senhora defende pena alternativa?

Regina – Para determinadas pessoas. Há pessoas que necessitam ficar em regime fechado. Temos os presídios federais, os regimes diferenciados, mas também acho que tem pessoas que devem cumprir a pena alternativa, o que não acontece com tanta frequência. Deveríamos ter pontos de fiscalização desses presos (da pena alternativa).