A cúpula da segurança catarinense sabia com cinco dias de antecedência que o Primeiro Grupo Catarinense (PGC) havia ordenado um ataque contra cadeias de Santa Catarina na última terça-feira, 19 de abril.
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A informação foi tratada de maneira diferente pelas duas secretarias da área. A de Segurança Pública avisou as instituições ligadas a ela: polícias Civil e Militar. A de Justiça e Cidadania – que cuida do sistema prisional, onde o plano foi descoberto – não alertou os agentes prisionais.
A atitude foi “no mínimo irresponsável e colocou vidas em risco”, na opinião de Mario Antonio da Silva, presidente do sindicato da categoria. Ele declarou que recebeu ligações durante a semana de diretores e funcionários de cadeias reclamando por não terem sido avisados. Disse não entender o propósito do sigilo, que favoreceria apenas os criminosos que poderiam trabalhar com o fator surpresa.
Apesar da grande ameaça, no dia 19, houve apenas um ataque à Central de Triagem do bairro Estreito, na Capital. A bomba acabou não explodindo.
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O secretário Executivo de Justiça e Cidadania, coronel João Botelho, disse que as informações foram enviadas à Polícia Civil para investigação. Os planos de atentados foram descobertos em 14 de abril pelo Serviço de Inteligência da Penitenciária de São Pedro de Alcântara. Apontavam que as ordens partiram do Raio 4, onde funciona o comando do PGC. Os alvos seriam delegacias, postos da Polícia Militar, cadeias e ataques contra agentes prisionais.
A informação chegou no dia seguinte a Secretaria de Segurança Pública por meio do relatório interno 092/2011. O tratamento foi diferente e a comunicação dos possíveis alvos imediata.
O delegado geral da Polícia Civil, Aldo Pinheiro D’Ávila, disse que todas as delegacias do Estado foram avisadas. Ele afirmou que foram montadas duas equipes na Grande Florianópolis para responder a eventuais atentados. Acrescentou que até o momento não há informações apontando a possibilidade ataques às demais regiões do Estado.
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Na Polícia Militar, o espaço reservado para monitorar a farra do boi foi aproveitado para montagem de uma sala de situação para prevenir eventuais ataques. Na quinta-feira, houve formatura de cadetes na academia da corporação em Florianópolis e, diferente do usual, os homens na guarita usavam coletes a prova de balas.
A situação não é tão preocupante na avaliação do secretário Executivo de Justiça e Cidadania. O coronel Botelho ressaltou que até hoje o PGC nunca fez nada grandioso. Acredita que nunca haverá episódios como os ocorridos em São Paulo, Para ele, os motivos dos ataques são a repressão imposta a grupos criminosos.