Há 23 anos, Ibsen Pinheiro, então presidente da Câmara dos Deputados, acolhia o pedido de impeachment contra Fernando Collor de Mello convicto de que “qualquer resultado produziria a superação da crise”. Hoje, se estivesse no lugar de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o deputado estadual e presidente do PMDB no Rio Grande do Sul afirma que não tomaria a mesma decisão em relação a presidente Dilma Rousseff.

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Segundo ele, não estão presentes todos os elementos necessários para a abertura de um processo de impedimento e “não se decreta um impeachment de um governo pela sua impopularidade”. Na avaliação do deputado, Cunha está “produzindo um mecanismo de negociação para salvar o seu mandato”.

— Tenho a impressão que a decisão dele está levando em conta a situação do governo, a situação da oposição e a dele também. (…) Acho que ele vai conduzir um mecanismo de salvação do seu mandato, o que pode implicar até a negociação da presidência da Câmara. Cunha acolheu (o pedido de impeachment) porque desacolhimento o retiraria do cenário político como figura importante — disse.

Leia a íntegra do pedido de impeachment aceito por Eduardo Cunha

O que levou Cunha a abrir o processo de impeachment de Dilma

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Questionado sobre as chances de o Congresso afastar a presidente Dilma, Ibsen argumentou que, hoje, essa é uma “resposta impossível”. Ele calcula que levará pelo menos um mês para a matéria chegar ao plenário, e que é difícil adivinhar qual será o ambiente. Atualmente, considera difícil dois terços dos parlamentares autorizarem a abertura do processo.

— Acho que não estão completas todas as circunstâncias hoje, o que não quer dizer que depois de amanhã não estejam. A velocidade desses acontecimentos é muito grande.

Ibsen, que comandou a Câmara de 1991 a 1993, também avaliou o papel do seu partido:

— Acho que o PMDB tem papel natural de posição de equilíbrio, por seu tamanho e por ter uma posição ponderada. Acho que vai ser decisivo. Agora, se você me perguntar em qual direção, ninguém pode adivinhar hoje.