Após conversar com o vice-presidente da República, Michel Temer, nesta segunda-feira, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), defendeu que não se derrube o veto presidencial ao reajuste dos servidores do Judiciário.

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O reajuste que gera desespero no Palácio do Planalto cria despesa de R$ 25,7 bilhões até 2018. Pelas contas do Ministério do Planejamento, a aprovação da medida significa custo adicional de R$ 1,5 bilhão em 2015, R$ 5,3 bilhões em 2016, R$ 8,4 bilhões em 2017 e R$ 10,5 bilhões a partir de 2018.

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– Eu acho que, concretamente, não deve se derrubar esse veto. Seria uma atitude de colocar mais gasolina na fogueira. É acender fósforo no tanque gasolina. Não sou partidário disso – afirmou Cunha ao chegar à Câmara, após almoço no Palácio do Jaburu, residência oficial do vice-presidente da República.

Para Cunha, a sessão do Congresso, marcada para a noite desta terça-feira, 22, pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), deveria ser novamente adiada.

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– A gente não pode saber o que vai acontecer. O ideal é que a gente não votasse isso amanhã – disse o presidente da Câmara.

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Cunha disse ter sentido comedimento de líderes, inclusive da oposição, em relação à derrubada do veto, um dos itens da pauta-bomba que será discutida na sessão do Congresso.

– Não tem sentido a gente recriminar e não concordar com a criação de imposto, e ajudar a criar despesa – disse o peemedebista.

– O debate vai se colocando para todo mundo na medida em que o governo vem com déficit, com proposta de criação de imposto…- ponderou Cunha.

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Impeachment

Cunha disse que pretende responder a questão de ordem sobre o impeachment ainda nesta semana.

– Vou conversar com a consultoria e ver se eles já preparam o esboço para me trazer. O combinado era que me entregassem hoje. A minha intenção é responder nessa semana sim – continuou.

Questionado se há pressão por parte da cúpula do PSDB para que seu partido, o PMDB, assuma a liderança do processo de impeachment, Cunha disse que como é o “julgador” desta etapa inicial e que não poderia dar opinião política sobre o assunto.

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– Não seria correto misturar os papéis – afirmou.

Cunha disse ainda que, como presidente da Câmara, não pode falar pelo PMDB e lembrou, inclusive, que gostaria de poder ter o direito de votar em todas as sessões.

– Eu tenho opinião para tudo. Pode me acusar de tudo, menos de omisso – disse.

*Estadão Conteúdo