As primeiras escolas em Joinville surgiram ainda no século XIX, assim que os primeiros imigrantes botaram os pés na cidade. Dentro das barcas cheias de europeus, principalmente vindos da Alemanha e Suíça, os estrangeiros trouxeram na bagagem suas formas de empreender e a preocupação de educar os filhos. 

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Embora a questão de sobrevivência e sustento fossem prioritárias, já que saíram de seus países de origem por causa da crise econômica e política que assolava a Europa, a educação sempre foi algo considerado importante e colocado em prática já nos primeiros anos da então Colônia Dona Francisca. Cerca de 170 anos depois, esta cultura do trabalho ficou como herança e ainda molda a sociedade joinvilense nos dias atuais.

De acordo com Dilney Cunha, historiador e coordenador do Arquivo Histórico de Joinville, as primeiras escolas surgiram em locais simples e improvisados, sem professores de formação. Elas ficavam localizadas em áreas mais rurais da cidade, geralmente anexas a igrejas, e não contavam com estrutura para além das primeiras letras.

— Geralmente era algum colono que tinha alguma instrução a mais que era escolhido pela comunidade para dar aulas — explica o historiador.

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A primeira grande escola da cidade foi a Deutsche Schule, fundada em 1866 pela comunidade luterana. De arquitetura germânica, a instituição nasceu na atual Rua Princesa Isabel para atender a demanda de gestores e empreendedores da colônia e, desde seu início, portanto, teve caráter elitista e era frequentada por filhos de famílias mais abastadas.

Quem não tinha recursos frequentava a escola Padre Carlos, também construída nos primeiros 20 anos da cidade. Ambas as instituições contavam com professores de formação e uma grade curricular mais completa. À época, Joinville contava com pouco menos de 5 mil moradores.

Reforma do ensino e perseguições aos alemães

A Deutsche Schule funcionou até 1939 como escola, mas precisou ser fechada por causa da campanha de nacionalização instituída dentro do Estado Novo no governo de Getúlio Vargas. Foi neste período também, já no século XX, que as outras instituições que existiam precisaram se adequar à nova proposta de ensino, já que, mesmo em solo joinvilense, a língua alemã ainda era predominante.

Ensino superior e profissionalizante

Também na década de 1930, começaram a surgir as primeiras indústrias na cidade e mudar o tipo de economia de Joinville, antes movimentada pela agroindústria. Por consequência, mais pessoas desembarcaram em Joinville e a população já quase dobrava de tamanho. E, pensando profissionalizar esses trabalhadores para atuarem nas fábricas, em 1959 foi fundada a Escola Técnica Tupy.

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– Joinville sofreu esse boom econômico de desenvolvimento industrial, principalmente depois da Segunda Guerra, onde o mercado precisava desses produtos e começaram a surgir os empreendimentos, tanto na demanda nacional quanto internacional. Aí, vieram pessoas de fora com formação para ensinar e comandar esses empreendimentos. Antes disso, o pessoal se formava no trabalho mesmo, na função. Quem ensinava era o dono do empreendimento, os mestres. Sem sala de aula, na prática – conta Dilney Cunha.

Seguindo este embalo, na década de 1960, surgiu a primeira instituição de ensino superior de Joinville, a Faculdade de Ciências Econômicas, numa construção acanhada na Rua Otto Boehm. Depois disso, veio a faculdade de Filosofia, atual curso de História, segundo o historiador.

A partir de 1969, os cursos foram incorporados à Fundação Joinvilense de Ensino (Fundaje), criada em 1967. Dois anos depois, a Fundaje passou a denominar-se Fundação Universitária do Norte Catarinense (Func) e, desde 1977, Fundação Educacional da Região de Joinville (Furj), mantenedora da atual Univille, fundada em 1996.

Para o historiador, Joinville, que desde sempre teve caráter industrial, o cenário educacional da então Colônia Dona Francisca ajudou a moldar a cidade que se apresenta nos dias atuais.

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– Construindo Joinville como polo industrial, direcionou a cidade para esta área. Os cursos oferecidos eram todos voltados para indústria, para formação de técnicos, daí surgiram outros empreendimentos também. Isso moldou a sociedade – destaca.

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