A eleição que o país viverá domingo promete ser histórica. E não apenas por ser o 25º ano de voto direto no país. A expectativa é de recorde no número de votos brancos e nulos. Isso em consequência da imaturidade da democracia no país, avalia Nelson Garcia Santos, professor do Departamento de Ciências Sociais e Filosofia da Furb.
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Para Santos, o país avançou ao sair do regime ditatorial e entrar na democracia. Mas errou ao estagnar e não criar meios para fomentar a consciência democrática e, tão pouco, tornar o processo eleitoral justo. A eleição presidencial é alavancada por recursos de empresas privadas – visando interesses próprios – e polariza a disputa, além da própria legislação contribuir para esse processo, argumenta Santos.
– A nossa democracia ainda é insipiente. É preciso que a cultura democrática seja construída nas escolas, igrejas, meios de comunicação etc. – conclui o professor.
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Em contraponto a Santos, Sérgio Saturnino Januário, cientista social e coordenador do Instituto de Pesquisas Sociais da Univali, considera que a democracia avançou. Foi neste período que o país conquistou estabilidade política e econômica, além da diminuição das diferenças sociais. Porém, ainda carece de avanços em estrutura e de elementos que levem à redução dos custos de produção, considera Januário. Por outro lado, a cultura de cidadania engatinha e a democracia dentro do processo eleitoral ainda é parcial.
– O eleitor é um jogador que entra em campo no segundo tempo. Votamos em quem os partidos escolhem. Acompanhamos o primeiro tempo como meros expectadores – conclui Saturnino.
Depois que a população saiu às ruas em 2013 para protestar, um ar de descontentamento permaneceu não só entre os blumenauenses, mas entre todos os brasileiros. Segundo o cientista político Eduardo Guerini, após 25 anos do voto direto e do amadurecimento eleitoral da população chegou a hora do sistema político ser repensado. Para ele, este descontentamento será refletido na urna nesta eleição:
– O sistema precisa de uma reforma política urgente. As mudanças não ocorrerão como se imaginam, mas é provável que tenhamos surpresas no processo eleitoral com uma elevação no nível de insatisfação do cidadão, ou seja, votos brancos, nulos e abstenções altíssimas – completa o especialista.
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