Estreia desta sexta-feira no circuito brasileiro, Amor Pleno é o sexto longa do bissexto diretor norte-americano Terrence Malick, nome de culto na década de 1970, quando assinou Terra de Ninguém e Cinzas do Paraíso, e que retomou a carreira de maneira estrondosa com Além da Linha Vermelha, em 1998.
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Aos 70 anos, com A Árvore da Vida (de 2011) ele parecia ter radicalizado a experiência estética de seus ensaios filosóficos sobre a ausência de Deus. Parecia. O novo filme segue os mesmos preceitos formais, mas é ainda mais ousado nas sequências sem diálogos, nos fluxos de pensamento conduzidos por narrações em off, nas imagens da natureza se impondo e escancarando a complexidade e a insignificância dos indivíduos.
Há, no entanto, uma mudança fundamental: agora, está se falando especificamente do amor. A trama é a de um homem infeliz (Ben Affleck) que vai a Paris e inicia uma relação com uma europeia (Olga Kurylenko). De volta aos EUA, com ela, vê o afeto diminuir. E reencontra uma ex-namorada (Rachel McAdams), com quem inicia um novo romance.
É aí que Amor Pleno se revela um longa de Malick não só na forma, mas também no conteúdo: ao buscar em outra pessoa o conforto para seus dramas, em vez de encontrar a paz de espírito, o homem apenas constata a incompletude de sua existência.
O título Amor Pleno, assim sendo, fala mais do que se procura do que daquilo que se encontra – em Malick, o amor, assim como a vida, não alcança a plenitude. O problema do filme é fazer o espectador, mais do que entender esse propósito, ser tocado pela história que serve a ele. Muitos planos têm função reiterativa e, pior, alguns deles parecem idênticos aos de Árvore da Vida. Há perambulações sem fim por campos e jardins, mãos tocando plantas, chafarizes regando o gramado – tudo em excesso.
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Ao tentar ressaltar o vazio de seus personagens, Malick esvaziou sua própria trama. O resultado é o tédio.
Amor Pleno
(To the Wonder)
De Terrence Malick. Com Ben Affleck, Rachel McAdams, Olga Kurylenko e Javier Bardem.
Drama, EUA, 2012. Duração: 112 minutos. Classificação: 14 anos.
Estreia em Porto Alegre nesta sexta-feira.
Cotação: 2 estrelas de 5.