Nascido em Cuba, início da vida atlética nas artes marciais e passagens por equipes da Europa. A perda do passaporte e as expectativas de conquistas. Yordan Bisset, de 28 anos, precisou romper fronteiras e bloquear desafios para, atualmente, ser o destaque do Joinville Vôlei, que está entre as melhores equipes da Superliga B e briga por uma vaga na elite do esporte nacional.
Continua depois da publicidade
Acesse para receber notícias de Joinville e região pelo WhatsApp
Natural de Havana, capital cubana, Bisset conta que teve uma vida saudável e era uma criança brincalhona no país localizado no centro das Américas. Apesar de ter construído a carreira no vôlei, foi no judô que a sua vida esportiva começou. Apesar de gostar, a altura o fez migrar de modalidade ainda criança, aos 11 anos.
Seu primeiro contato com a modalidade foi no ginásio Coliseo de la Ciudad Deportiva, um dos maiores centros esportivos de Cuba, com capacidade para até 15 mil pessoas. O encanto aconteceu desde o primeiro contato. Além disso, ver dois ídolos no local foi impactante.
— Fiquei bem impressionado. Naquele momento, lá estavam Robertlandy Simón e Wilfredo León, jogadores que sou muito fã. Isso me chamou a atenção e minha paixão pelo vôlei aumentou — conta.
Continua depois da publicidade
Com passagens pela seleção cubana, Bisset já atuou por diversas regiões do mundo: Rússia, Turquia e França. No Brasil, antes do Joinville, o atleta ainda passou por Minas e Blumenau. Para ele, apesar das dificuldades em aprender outros idiomas, as experiências devem ser valorizadas.

— Na Rússia, por exemplo, joguei em dois times. A comida lá é diferente, muito frio e um estilo de vôlei pela força, com jogadores mais altos. Na França e Turquia é mais técnico, menos agressivo — explica.
Bisset é casado com uma mulher brasileira e justamente durante férias com a família no Brasil que o seu destino mudou. Quando estava deixando o país, o consulado perdeu seu passaporte. Sem ter como sair do país, ele foi jogar em Blumenau. Sem o documento para viajar, ele então recebeu um convite para jogar no Joinville. As incertezas foram inúmeras.
Joinville Vôlei vence de virada e faz 3 sets a 2 em casa na Superliga B
— Cidade que nunca tinha escutado, não conhecia, mas depois que cheguei comecei a gostar. Não tive tempo para conhecer muita coisa, mas ainda terei tempo para chegar nisso — comenta.
Continua depois da publicidade
Dos mares de Havana, um craque em Joinville
Para Bisset, morar em Joinville significa encarar novidades todos os dias. De acordo com ele, foi um desafio disputar a Superliga C e B [terceira e segunda divisão do vôlei brasileiro, respectivamente] após ter jogado as principais ligas na Europa.
— É um desafio para o atleta que está jogando no alto nível um convite assim. Jogar as ligas C e B é um pouco difícil. Mas em seguida ouvi que tinham bons treinadores, atletas e projeto, como o do Giovane Gávio, que influenciou muito na hora de tomar a decisão de vir para cá — lembra.
O atleta conta que achou a população brasileira e os moradores de Joinville receptivos, o que contribui para a adaptação.
— Gostam de falar, no ginásio pedem para bater foto. É importante essa parte carinhosa das pessoas — destaca.
Continua depois da publicidade
Amor portunhol
No seu primeiro ano no Brasil, em 2016, quando estava em período de teste no Minas, Bisset decidiu ir a um bar embaixo do prédio que morava após ficar dias apenas em casa e treinando. Sem saber falar português, conta que iria, ao menos, ficar sentado no local para espairecer. Lá, encontrou Naiara, que tempos depois se tornaria sua esposa.
— Ela estava sozinha no bar, e eu também. Ela quis conversar, mas não entendi pois só falava português. Comecei a falar em espanhol e ela não entendeu nada. Começamos a rir os dois e usamos ferramentas de tradução — conta, rindo.
Hoje, para o atleta, a relação com Naiara é bonita. Companheiros desde então, o casal tem dois filhos: Theo, de 2 anos, e Helena, com 4.

Confira o especial de 100 anos do jornal A Notícia
Continua depois da publicidade
Futuro, família e as novelas brasileiras em Cuba
Com planos para o futuro em Joinville, Bisset diz que entre as prioridades está trazer a família para fazer um “tour” pela cidade e, se possível, pelo Brasil. O país, inclusive, está no coração da mãe mesmo antes de pisar em terras brasileiras.
— Ela adora o Brasil. Lá em Cuba passa muito as novelas brasileiras. O sonho dela é conhecer o Rio de Janeiro, Copacabana — finaliza.
Com 15 pontos somados, o Joinville Vôlei é o terceiro colocado na tabela da Superliga B. Os quatro melhores vão para a semifinal e os finalistas garantem o acesso à Superliga A. Nesta quarta (8), a equipe encara o Vôlei Futuro-SP no Centreventos Cau Hansen, em Joinville. A partida está marcada para as 20h e, em caso de vitória do Joinville por 3 sets a 0 ou 3 sets a 1, confirma a equipe catarinense nas semifinais da Superliga B.
Leia também
Plano de recuperação judicial do JEC é aprovado após assembleia com credores
Jogador do JEC faz furo na chuteira para suportar dor em partida contra o Avaí