Cuba recebeu de volta 78 de seus cidadãos declarados como “excluíveis” de refúgio nos Estados Unidos, após o último acordo migratório assinado no início de 2017 entre os dois países, antes que suas relações voltassem a se tensionar.
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A cifra foi divulgada nesta sexta-feira (12) pelo periódico Granma, órgão oficial do Partido Comunista (PCC, único). Washington considera “excluíveis” os cubanos que chegaram de forma irregular aos Estados Unidos em busca de refúgio a partir do êxodo maciço de Mariel em 1980.
Essas pessoas apresentaram “antecedentes criminais” e não se classificam nos padrões migratórios dos Estados Unidos, cuja lei obriga a deportá-los.
“De acordo com o estabelecido, foram recebidos no país 78 cidadãos cubanos declarados pelos EUA como ‘excluíveis’, que substituíram uma cifra similar de incluídos originalmente em uma lista de 2.746 pessoas” que foi acordada há três décadas entre ambas as partes, detalhou o Granma.
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Segundo o jornal, isso ocorre “enquanto novos casos são processados”.
Após uma histórica aproximação entre Washington e Havana, nos últimos dias de sua administração Barack Obama assinou um novo acordo migratório em 12 de janeiro de 2017. Os dois países concordaram em atualizar a lista de 2.746 pessoas consideradas “excluíveis”.
Nesse acordo, Obama acabou com uma série de benefícios extraordinários outorgados a migrantes cubanos, entre eles a política de “pés secos, pés molhados”, que permitia a entrada de imigrantes cubanos que tivessem pisado em território americano. Também deixou sem efeito o programa “Parole”, que permitia aos médicos cubanos em missão internacional pedir refúgio nos Estados Unidos.
A venda de serviços médicos é a principal fonte de receita da economia cubana, com valores de cerca de 10 bilhões de dólares por ano.
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As duas medidas foram consideradas pelo governo de Raúl Castro como “um importante passo no avanço das relações bilaterais (…) dirigido a garantir uma migração regular, segura e ordenada”.
No entanto, com este último acordo, Cuba permitiu o retorno de 600 migrantes irregulares dos Estados Unidos e 1.930 de outros países, detalha o Granma.
Após a chegada de Donald Trump ao poder, as relações bilaterais se tensionaram e o bloqueio que Washington aplica contra a ilha desde 1962 parece se intensificar.
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A situação se agravou depois do caso de supostos “ataques sônicos” a diplomatas americanos na ilha, que ainda não pôde ser provado apesar das investigações policiais dos dois países.
* AFP