Os assuntos espinhosos de direitos humanos e democracia marcaram, nesta quinta-feira (4), o diálogo entre a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, e autoridades cubanas, em seu último dia em Havana.
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Após um primeiro dia de conversas em concordância sobre o rechaço ao embargo dos Estados Unidos, a necessidade de aumentar o comércio, a cooperação e os investimentos, foram discutidos os assuntos políticos e sociais do Acordo de Diálogo Político e Cooperação, que os dois lados querem “reconfirmar” nesta visita.
A Alta Representante para Política Exterior da União Europeia se reuniu com o presidente do Parlamento, Esteban Lazo, e o ministro de Relações Exteriores, Bruno Rodríguez. Não se descarta um encontro com o presidente Raúl Castro.
“Temos toda a disposição de avançar no âmbito contratual que estabelecemos de comum acordo”, disse Rodríguez, ao recebê-la na chancelaria.
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Para o chanceler cubano, o acordo “é uma demonstração de boa vontade e respeito recíproco que vai permitir entendimento e avanço de benefício mútuo em todos os campos, acima das diferenças”.
No mesmo sentido, Mogherini expressou que o acordo abre “a possibilidade de vencer dificuldades e encontrar um terreno comum nas futuras relações entre Cuba e União Europeia”.
– Acordos e desacordos –
O diálogo político previsto no acordo inclui temas como controle de armas, imigração, luta contra as drogas e terrorismo, desenvolvimento sustentável e energias renováveis, onde não há apenas concordâncias, mas houve avanços de cooperação.
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O acordo “também deve ser um sólido instrumento para apoiar ainda mais a modernização econômica e social de Cuba”, disse Mogherini nesta quarta-feira.
O texto ainda inclui assuntos quem há discordâncias substanciais: direitos humanos, governança, sociedade civil, desenvolvimento social e econômico.
Sobre os direitos humanos, tema especialmente sensível para Havana, zelosa por sua independência e soberania, já houve encontros prévios, onde ambas partes se escutaram, mas também foram feitas críticas.
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Apesar das diferenças no assunto, Mogherini garantiu que “mantêm um diálogo frutífero, construtivo e amplo”.
Um diálogo informal periódico sobre direitos humanos foi iniciado em junho de 2015 em Bruxelas, continuado no mesmo mês de 2016 em Havana, e em maio de 2017 em Bruxelas.
“Cuba é reconhecida internacionalmente pelos avanços alcançados na consolidação de seu sistema de saúde e educação gratuitos e ao alcance de todos, a luta pela igualdade entre os gêneros, a proteção ao meio-ambiente”, disse a chancelaria local no último 10 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos.
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No mesmo dia, Mogherini declarou que “o pleno respeito aos direitos humanos é uma condição essencial para qualquer sociedade democrática e resiliente, bem como para o desenvolvimento sustentável, a segurança e a paz duradoura”.
Embora as reformas de Raúl Castro e do Partido Comunista tenham aberto um pequeno espaço para iniciativa privada e liberdade de viagem, Havana não renuncia ao sistema de partido único e mantém a ideologia comunista.
A retomada de um discurso político duro pelo presidente americano Donald Trump para Cuba desde abril desencadeou pedidos de volta às trincheiras em alguns setores da sociedade cubana.
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“No curto prazo, não há nenhum sinal que indique que o governo está disposto a introduzir as urgentes reformas legais, econômicas e políticas necessárias”, disse a ilegal Comissão Cubana de Direitos Humanos e da Reconciliação Nacional, em um relatório enviado à AFP na quarta-feira.
O mesmo documento da oposição denunciou que durante 2017 houve 5.155 prisões temporárias em Cuba por razões políticas. No entanto, é o número mais baixo nos últimos seis anos.
Por outro lado, a imprensa – totalmente sob controle do Estado – informou que a taxa de mortalidade infantil em 2017 era de apenas 4 por 1.000 nascidos vivos, a menor em sua história, o que coloca a ilha em uma posição avançada em nível mundial.
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* AFP