“O futebol não pode ser vítima de árbitros fracos”.

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Foi com esta frase num comunicado divulgado em abril que a Comissão de Arbitragem da CBF (Conaf) abriu uma “cruzada pelo respeito” no Brasileirão. Com a determinação de intolerância à indisciplina, a distribuição de cartões amarelos por reclamação duplicou. Como consequência, quase triplicaram os jogos com ao menos 60 minutos de bola rolando.

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Este é o tempo considerado pela Fifa como o mínimo para que uma partida de futebol tenha fluidez adequada. Só que nem na Copa se atinge essa meta: a média no Mundial do ano passado foi de 57 minutos e 36 segundos. E esta dinâmica também sofre a interferência de fatores técnicos e a condição dos gramados, que evoluiu nos estádios construídos para a Copa. Tanto que o recorde de bola rolando no Brasileirão ocorreu na Arena da Baixada, em Curitiba.

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É inegável que a pressão sobre a arbitragem diminuiu. Antes era comum visualizar protestos exaltados dos jogadores frente a marcações polêmicas. Agora, reclamação é sinônimo de cartão amarelo, ou até vermelho. E se o atleta não for punido, quem pode ser suspenso é o juiz. O presidente da Conaf, Sérgio Corrêa, defende que as partidas não devem ser conduzidas com insegurança:

_ O futebol exige árbitros disciplinadores. Quem não se enquadrar nesta sistemática vai perder espaço. Não queremos árbitros fracos, que marcam faltas em sequência e tenham medo do jogo.

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Outra interpretação é de que os jogadores agora temem mais a punição com cartão amarelo do que a autoridade do juiz. Para Sálvio Spínola, ex-árbitro e comentarista da ESPN, a carência de nomes de excelência no quadro nacional é o que impulsiona as reclamações.

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_ O cartão se transformou em autoridade. Antes, o jogador tinha medo do árbitro. Hoje, mal sabe quem vai apitar o jogo. Quando não é alguém conhecido, o atleta tenta tirar proveito. Mas se é um juiz com mais nome, há mais respeito _ opina Spínola.

A Conaf deu mais estabilidade aos juízes. Segundo Leonardo Gaciba, ex-árbitro e comentarista da TV Globo e do SporTV, o aspecto psicológico é tão importante para uma arbitragem de boa qualidade quanto a condição física _ que ele enxerga como insuficiente frente ao intenso calendário de jogos. A intolerância à indisciplina, na visão de Gaciba, foi um mecanismo utilizado pela CBF para proteger os novos nomes do quadro nacional.

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Cartões por reclamação crescem 235% em relação aos três anos anteriores no Brasileirão

_ Esta determinação permite que os árbitros com menos experiência trabalhem com mais tranquilidade _ aposta Gaciba.

*ZHESPORTES