Morto na tarde desta terça-feira, vítima de um câncer cujo tratamento era cercado de mistério, o presidente Hugo Chávez teve longa e controversa história política na Venezuela.

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1992

Em 4 de fevereiro de 1992, o tenente-coronel Hugo Chávez liderou um golpe contra o presidente Carlos Andrés Pérez. O motivo alegado era a crise econômica, que empobrecia a população com inflação e desemprego altos. Antes disso, manifestações populares já vinham ocorrendo, com destaque para o “Caracazo”, em 1989, contra o aumento do preço das passagens de ônibus. Ônibus foram incendiados e casas comerciais foram saqueadas.

1997

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Depois de ter sido preso em razão do golpe contra Pérez, Chávez funda o Movimiento V República (MVR).

1998

Nas eleições presidenciais de 6 de dezembro, apoiado por uma coligação de esquerda e centro-esquerda _ o chamado Polo Patriótico _, Chávez é eleito com 56% dos votos.

1999

Assume a presidência da Venezuela, para mandato de cinco anos. Põe fim a quatro décadas de hegemonia dos partidos tradicionais, o Acción Democrática (AD), de Pérez, e o Comité de Organización Política Electoral Independiente (Copei). Promove um referendo sobre a convocação de uma Assembleia Constituinte. Em 25 de abril, 70% dos venezuelanos se manifestam favoráveis. Em plebiscito, a nova Constituição foi aprovada por 71,21% dos votos.

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2000

Com base na nova Constituição, são realizadas eleições presidenciais. Chávez confirma seu mandato (para alguns, uma reeleição, para outros uma eleição sob as novas regras), com 59,7% dos votos. O governo aprovou a Lei Habilitante, que lhe permitia governar por decreto durante um ano. Surgem daí as primeiras acusações segundo as quais ele seria um ditador.

2001

Chávez promulga 49 decretos. Entre eles, a Lei de Hidrocarbonetos, que fixava a participação do Estado no setor petrolífero em 51%, e a Lei de Terras e Desenvolvimento Agrário, prevendo a expropriação de latifúndios. Seus adversários reagem.

11 de abril de 2002

Uma marcha por Caracas pede a destituição de Chávez. No Palácio Miraflores, havia uma contramanifestação. As duas se encontram. Quinze pessoas morrem nos embates. No dia seguinte, 12 de abril, o general Lucas Rincón anuncia que Chávez renunciara. No seu lugar, assumiria o presidente da Fedecámaras, Pedro Carmona. Na noite de sábado para domingo, porém, ele envia mensagem dizendo que não renunciara ao “poder legítimo”. Carmona dissolve a assembleia e assume poderes extraordinários. Ocorrem protestos contra Carmona, e militares alinhados a Chávez, encabeçados por Diosdado Cabello, promovem o contragolpe. Chávez, então, deixa a prisão na ilha de La Orchila e é recebido por uma multidão, retomando o controle do governo.

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2003/2004

Em novembro de 2003, a oposição promove uma coleta de assinaturas para a convocação de uma consulta popular sobre a permanência de Chávez no poder. O referendo ocorre em 15 de agosto de 2004: 58,25% apoiaram a permanência de Chávez na presidência até ao fim do mandato.

2006

Reeleito com 62.9% dos votos, derrotando Manuel Rosales, que teve 36.9%. Em seguida, Chávez anuncia que iria unir os 23 integrantes de sua coalizão no PSUV, sendo ele o cacique partidário.

2007

O governo de Chávez, a partir de 2007, foi mais tranquilo: não havia oposição no Congresso. Em uma estratégia que hoje os próprios oposicionistas contestam, eles boicotaram as eleições legislativas. O presidente, então, conseguiu ampliar seus poderes para governar por 18 meses através de decretos em 11 setores, por meio da Lei Habilitante. Em dezembro, uma reforma à nova Constituição foi submetida ao veredicto do povo da Venezuela, num plebiscito. O povo rejeitou as emendas propostas por Chávez, e ele se mostrou magnânimo em rede nacional, acatando a decisão popular.

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2008

Grave crise diplomática entre Venezuela e Equador, de um lado, e a Colômbia, de outro. O desconforto ocorreu depois que tropas da Colômbia mataram Raúl Reyes, líder das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).

2009

A Venezuela entra em uma profunda crise energética. O governo propõe que os venezuelanos tomem menos banhos para economizar água e energia. Também nacionalizou os bancos que se recusassem a oferecer mais crédito aos correntistas.

2010

A oposição muda de estratégia e disputa as eleições parlamentares. O chavismo mantém maioria no parlamento, mas apenas com maioria simples, o que representa, de certa forma, uma derrota.

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2012

Nas eleições mais disputadas dos últimos tempos, Chávez derrota o oponente Henrique Capriles, com 55% dos votos. Debilitado pelo câncer, ele ainda assim saiu em campanha, surpreendendo quem não o imaginava em atividades eleitorais de rua. Em seguida, colocou Nicolás Maduro como vice-presidente, para ser seu eventual substituto.