Que livro você daria para o Caetano Veloso? E para a presidente da república ou o governador do Estado? Se tivesse a oportunidade, que mensagem gostaria de passar para alguma personalidade famosa? Convidamos os cronistas do Variedades – incluindo Victor da Rosa, que deixou o posto há pouco tempo – para escolher pessoas que foram destaque em 2013 no Brasil ou no mundo e simbolicamente dar-lhes de presente um livro.
Continua depois da publicidade
Nesta brincadeira de Natal, as celebridades que protagonizaram polêmicas, como o rei Roberto Carlos e as biografias, ou mudanças importantes na sociedade, como o papa Francisco, receberam presentes com recados bem humorados.
E você, que livro daria e para quem? Conte sua sugestão de presente nos comentários desta matéria.
:: William Morris Notebook (caderno ilustrado), sem autor
Continua depois da publicidade
De: Amilcar Neves
Para: Roberto Carlos
“Comprei o livro que te presenteio em Nova York, em 2003. Esperei esse tempo por alguém que o merecesse. Não vou te contar que custou US$ 1,50, mas é a tua cara, amigão. Melhor: a imagem da tua cabeça, do teu cérebro. Tenho certeza que vais A-DO-RAR! É leitura que não cansa nem chateia. Leva por título William Morris Notebook, edição da Dover Publications com 64 páginas – todas em branco, de um vazio imaculado! Nele, Betão, nas entrelinhas do texto, descobrirás que contam a tua história. O que é inadmissível. Sei que processarás o infrator e ganharás dinheiro com isso! Aliás, vou mandar buscar outros exemplares da obra: há mais gente, inclusive em Santa Catarina, que faz jus a igual mimo.”
:: Contracultura através dos Tempos, de Dan Joy e Ken Goffman
De: Thiago Momm
Para: Papa Francisco
“Meu livro-presente iria para o papa Francisco. Não se pode minimizar o homem que, ocupando o cargo mais anacrônico do mundo, abriu fissuras na posição da Igreja sobre aborto e homossexualismo. Sobre o primeiro, disse que uma mulher que abortou durante um casamento fracassado e agora vive ‘sinceramente arrependida’ com filhos e um novo marido deveria ser perdoada; sobre o segundo, que ‘se uma pessoa é gay e procurar Deus e tem boa vontade, quem sou eu para julgar?’. Aproveitando essa veia, eu daria ao argentino Contracultura através dos Tempos, que repassa subversões desde Prometeu até a cultura digital. Quem sabe Francisco não começava 2014 desordenando ainda mais a caretice milenar?”
:: Dom Casmurro, de Machado de Assis
De: Victor da Rosa
Para: Neymar
“Se não leu no colégio, acho que faria muito bem para o Neymar a leitura de Dom Casmurro, o clássico de Machado de Assis. Não apenas por se tratar de um grande livro, claro, mas quem sabe assim o craque da Seleção Brasileira aprenda algo também sobre as mulheres. Como tudo leva a crer, embora a gente nunca vá ter certeza se Capitu deu mesmo uma bola nas costas do Bentinho, conforme a gíria do futebol, trata-se de uma mulher ambígua e dissimulada, cheia de artimanhas. Não quero colocar coisas na cabeça do Neymar, principalmente em ano de Copa. O que estou dizendo é que a vida não é só futebol e, como diz o provérbio, prudência e caldo de galinha nunca fizeram mal a ninguém.”
Continua depois da publicidade
:: Ricardo III, de William Shakespeare
De: Ivo Müller
Para: Barack Obama
“Queria que meu amigo fosse mesmo secreto, então tomei o maior cuidado para não deixar rastros. Fiquei longe do Facebook por uma semana, deixei o celular em casa e não fiz compras pela internet. Fui pessoalmente ao sebo onde encomendei uma edição inglesa e capa dura de Ricardo III, de Shakespeare. Mas o Obama já estava sabendo que o livro era para ele!”
:: Apontamentos de História Sobrenatural, de Mário Quintana
De: Fernanda Lago
Para: José Alberto Mujica
“O meu amigo é o José Alberto Mujica, presidente do Uruguai, também conhecido como Pepe Mujica. Ele é o cara! Doa 90% do seu salário e dispensa mordomias e benefícios que o cargo lhe dá, simplesmente porque não acreditar na distancia entre o povo e o seu representante. Um exemplo que deveria ser seguido pelos nossos políticos. Já pensou um Mujica em Florianópolis? A Ilha com certeza não iria afundar com a especulação, já que ele não é adepto do consumo em excesso. Para o meu amigo vou dar dois presentes: um livro de poesias do Mario Quintana, porque acho que iria se identificar com a simplicidade e a grandeza deste poeta, e também um ventilador de painel pra usar no seu fusca, que não teve ter ar-condicionado…”
:: Memórias Inventadas: A infância, de Manoel de Barros
De: Marisa Naspolini
Para: Nelson Mandela
“Se Nelson Mandela estivesse vivo e lúcido, eu o presentearia com o livro Memórias Inventadas: A Infância, de Manoel de Barros, uma obra em que a experiência pessoal é central e pautada nas memórias, reais ou inventadas, dos cheiros, das cores e dos lugares da infância que deram origem ao poeta transgressor, hoje com 97 anos. Dadas as circunstâncias, eu daria o livro aos seus herdeiros com a esperança de que a prosa poética de Manoel os inspirasse a deixar de lado as disputas familiares em torno do espólio e do usufruto dos direitos de imagem do líder africano e a prestar atenção no caráter simbólico da volta de Mandela à sua Qunu natal.”
Continua depois da publicidade