José Eduardo Fiates
(Foto: Arte NSC)

São 7h30min da manhã e Gabriela está começando mais um dia típico no Sapiens, tomando um suco de frutas e ovos mexidos, num dos cafés da Via Sapiens, o grande boulevard de quase 3 km que atravessa o empreendimento de Leste a Oeste e que é o centro nervoso do parque, abrigando prédios residenciais, “colivings” para estudantes, bancos, fundos de VC, restaurantes, empresas de consultoria, sedes de empresas multinacionais e nacionais de tecnologia, flats e o shopping mais charmoso da cidade. A Via Sapiens é a grande vitrine e ponto de encontro do espaço que conta com mais de 300 empresas e 15 mil pessoas.

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Aquela fazenda, coberta com uma floresta de pinus e eucalipto até o início do século 21, experimentou uma mudança radical nos últimos 25 anos desde que foi escolhido para sediar um dos projetos mais inovadores e revolucionários na área de desenvolvimento econômico, social, ambiental, cultural e tecnológico sustentável, o Sapiens Parque. O projeto nasceu a partir do estudo e interação com mais de 300 experiências no mundo todo visando incorporar características num conceito único de plataforma de desenvolvimento para fazer a diferença na região no país e no mundo, por meio da Inovação do empreendedorismo e da sustentabilidade. Os idealizadores optaram por enfrentar o caminho mais consistente e duradouro no que se refere aos aspectos de licenciamento ambiental, planejamento conceitual, modelo de negócios, solução jurídica, forma de comercialização de regras implantação.

Em 2019, quando havia recém completado 15 anos de personalidade jurídica, o Sapiens tinha superado as principais barreiras e desafios técnicos, políticos, institucionais, negociais e jurídicos. Faltava apenas que os principais stakeholders fizessem os investimentos necessários para criar a credibilidade para atrair investimentos privados e viabilizar instrumentos e veículos típicos do mercado imobiliário. Além disso, a parceria entre governo federal, estadual e municipal foi fundamental para que o entorno fosse beneficiado com infraestruturas que integraram o parque no sistema viário da cidade e da região, inclusive via marítima com o continente, o aeroporto e Camboriú.

Depois de 6 anos daquele momento delicado em que foi necessário uma repactuação entre os diversos atores empresariais, acadêmicos, governamentais e da sociedade civil, o Sapiens tem se desenvolvido de forma exponencial, chegando hoje a um momento mais do que especial: a visita de uma personalidade mundial, Mr. Barack Obama.

O Ex-Presidente americano visitava o Sapiens na posição de presidente de um comitê de avaliação das candidaturas, projetos e programas que se submeteram a um conjunto de Fundações e entidades filantrópicas mundiais coordenadas pelas Nações Unidas para desenvolver um projeto de consolidação de um ecossistema diferenciado de desenvolvimento sustentável visando a sua replicação para mais 10 países pobres ou em desenvolvimento. Ao longo daquele dia, Mr. Obama ia interagir com diversos atores do Sapiens, muito mais para entender o ambiente do que para discutir o projeto propriamente dito. Por isso ele chegava às 7:30 para conversar com Gabriela, fundadora de uma das empresas de tecnologia mais inovadoras do Sapiens, criada a partir da universidade, consolidada numa das incubadoras da região, investidas por fundos locais e hoje uma empresa de capital aberto na NASDAQ americana que, aliás, conta com escritório avançado no próprio Sapiens Parque. Gabriela recebe gentilmente, mas sem deslumbramento, o senhor Obama e, depois de oferecer um café, começa a contar um pouco da história da empresa e do porquê que escolheram o Sapiens.

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Depois de uma interação animada, Obama faz a pergunta a chave:

“Qual é a causa que une o Sapiens, a sua empresa e você própria, fazendo com que todos trabalhem de forma integrada e ecossistêmica?”.

Gabriela responde sem titubear:

“Nossa empresa, o Sapiens e eu própria estamos todos aqui com o propósito de fazer a diferença para a região, para o estado, para o Brasil e para o mundo”.

Obama dá seu tradicional sorriso e pede mais café, no que é prontamente atendido por Marcos, que naquele momento servia os visitantes, mesmo sendo chefe de cozinha e proprietário. Marcos tinha sido um dos primeiros empreendedores a instalar sua empresa no Sapiens. Ele era um talento nato na área culinária e, principalmente, na arte de fazer amigos, fundamental para um empreendimento dessa natureza. Mesmo sendo um autodidata tinha, realizado diversos treinamentos nas melhores escolas internacionais e ajudou a transformar o Sapiens num grande Polo de gastronomia e culinária. Esta rede de relacionamento estimulava o ambiente inovador e de tecnologia e era um dos fatores chave percebidos pelo Senhor Obama ao longo da visita.

Enquanto conversavam, Barack percebeu, notou a passagem de um grupo de estudantes, que passava conversando e trocando mensagens pelos celulares de realidade aumentada, sendo que se destacava na frente um jovem sorridente que logo cumprimentou Gabriela e perguntou se estava de pé a partida de tênis de praia ao final do dia. A empreendedora confirmou e aproveitou para apresentar o jovem Alberto, estudante de Engenharia Médica ao Senhor Obama. Falando um inglês perfeito, Alberto explicou que fazia parte da Academia Sapiens, uma iniciativa multi-institucional que reunia parceiros de universidades locais, estrangeiras e nacionais para oferecer uma solução de educação multidisciplinar baseada em projetos na qual os estudantes estudavam e trabalhavam o tempo todo, em todos os lugares, aproveitando ao máximo a experiência e o conhecimento de todos os que ali trabalhavam.

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Obama se surpreendeu com a desenvoltura do rapaz e com o conceito inovador da escola e já começava a preparar algumas perguntas quando chegou o próximo anfitrião, Leonard, um geneticista, pesquisador e professor da academia, recrutado em Cingapura para ajudar a implantar o hospital escola no qual se testavam as tecnologias mais recentes de convergência de nanotecnologia, biotecnologia e tecnologia da informação para cura de doenças neurológicas raras. Leonard entrou rapidamente na conversa entre Gabriela, Alberto e Obama explicando que a Academia Sapiens já contava com mais de 10 mil alunos em todo estado e no Brasil, sendo 5 mil no Sapiens inclusive com residências que permitiam aos jovens trabalharem, estudarem e viverem dentro do próprio Parque, há cerca de 300 metros da praia. Leonard ressaltou o orgulho de contar com quatro pesquisadores laureados pelo Prêmio Nobel atuando em projetos com a academia, empresas e centros de tecnologia do Parque.

A caminho da academia, o grupo passou pelo Sapiens Mundi, um museu de 4ª geração, cuja a missão era utilizar as mais recentes e modernas tecnologias de uma maneira simples e atraente para prover uma experiência memorável de Educação, Ciência, Tecnologia e Inovação para jovens e visitantes de todas as idades e nacionalidades. Leonard informou que o museu recebe 100 mil visitantes por ano. Barack aproveita o momento para conhecer o museu aos cuidados da museóloga Beatriz que mostra ao ex-presidente americano uma experiência integrando o folclore da Ilha, a história de Santa Catarina, a teoria da relatividade e algumas das inovações mais recentes em inteligência artificial e biotecnologia.

Ao entrar no espaço acadêmico Obama se confronta com uma sala de aula completamente diferente, um professor dotado de um kit de realidade aumentada e virtual, explicava no centro de um grande círculo, rodeado por mesas, pufes e com alunos em pé, manuseando seus celulares, interagindo com o conteúdo do professor enquanto também discutiam a aplicação daquele conhecimento nas suas atividades e projetos junto às empresas nas quais também trabalhavam. A sala de aula era rodeada de quadros brancos intercalados por telas conectadas diretamente às empresas do parque, permitindo uma interatividade impressionante no processo de aprendizagem daqueles estudantes de todo o país e do mundo, de diversas áreas de conhecimento acadêmico: computação quântica, engenharia de cidades, medicina 4.0, direito & inteligência artificial e psicologia das relações multimídia.

Rodrigo é o professor, e apresenta um dos projetos dos jovens que recentemente ganhou o prêmio no Congresso Mundial de Inteligência Artificial Robótica aplicada à Arte Medicina. O entusiasmo de Rodrigo é tão grande que Barack pensa até que ele é mais um desses estudantes que estão naquela escola absolutamente surpreendente. Barack sai encantado pela experiência tão integradora e sinérgica de diversas áreas científicas e tecnológicas e aproveita para fazer mais uma vez a pergunta a Alberto, Beatriz, Rodrigo e Leonard, já que Gabriela tinha se despedido alguns minutos antes:

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“Qual o propósito que vocês enxergam na academia, no museu e no próprio Sapiens?”

Ao que recebe uma resposta quase em coro:

“Queremos fazer a diferença para a cidade, estado, país e mundo”.

A experiência prática e o tino político de Obama permitiu que ele distinguisse o que era genuíno do que podia ser uma falsa representação e ele sentiu a verdade naquelas palavras…

Continua na próxima publicação:

Parte 2: a sequência da visita de Obama em 2026 ao Sapiens Parque

* As CRÔNICAS DE UM FUTURO POSSÍVEL foram concebidas pelo autor para provocar a reflexão acerca de temas que se fundamentam em fatos e dados da realidade atual para explorar novas possibilidades e alternativas de futuro que estimulem e promovam a geração de novas ideias, mudanças de comportamento, conceitos criativos, tecnologias inovadoras e visões de futuro diferenciadas e inspiradoras.

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