“Faz meses que caminhar pelas ruas de Coqueiros tem me causado indignação – pela sujeira e pelos responsáveis por ela. Viro a esquina do prédio e o mau cheiro toma conta. Parece que estou em um banheiro público daqueles bem imundos. Quando cheguei ao bairro, no ano passado, fiquei feliz ao notar que a vizinhança tem muitos cachorros. Mas com o tempo veio a decepção. Hoje cada vez que saio a pé me entristeço diante da falta de bom senso daqueles que simplesmente não recolhem o cocô de seus animais de estimação.

Continua depois da publicidade

*****

Tenho um cachorro e sempre levo o saquinho. Nem passa pela minha cabeça abandonar o cocô ali. Tento, mas não consigo entender os porcalhões. Se eles têm nojo de pegar as fezes para jogar no lixo, nem deveriam ter um animal.

Quem decide contar com a companhia de um cachorro precisa estar ciente da responsabilidade dessa relação.

Os desinformados deveriam saber também que cocô na rua não é só uma questão de mau cheiro ou estética, é de saúde pública, já que as fezes podem transmitir vermes e bactérias.

Continua depois da publicidade

*****

Na cidade de Brunete, na Espanha, o problema mobilizou um publicitário. Ele criou uma campanha chamada “objeto perdido” e com a ajuda de voluntários devolveu mais de cento e quarenta cocôs esquecidos nas ruas aos respectivos donos. A caixinha entregue na porta de casa ainda levava o alerta: “na próxima, será uma multa de quase quatrocentos dólares”.

Em Massachussetts, nos Estado Unidos, condomínios estão contratando empresas que identificam quem não limpa o cocô por testes de DNA. Todos os cães são cadastrados em um banco de dados e agora não há como os donos fugirem da responsabilidade.

*****

Brasil, conheço apenas projetos de distribuição gratuita de sacos, os chamados “cocoletores”, mas convenhamos, bastaria o reaproveitamento de saquinhos de papel ou plástico e até pedaços de jornal velho.

A vergonha alheia e o incômodo são tão grandes que às vezes, não aguento, recolho cocôs que nem são do meu cachorro. Enquanto cada um não fizer sua parte, não serão somente as ruas que vão permanecer sujas, mas nossas praias, praças, nossas cidades.

Continua depois da publicidade

Enganam-se os cidadãos que pensam que tudo é responsabilidade do poder público. Enquanto essa mentalidade persistir, jamais seremos um país de primeiro mundo.”

*** Adriana Krauss nasceu em Blumenau, no Vale do Itajaí. Lá começou a carreira de jornalista ainda cursando a faculdade de Letras. Mais tarde, concluiu Jornalismo. Passou por diferentes emissoras até chegar à RBS TV Blumenau, onde atuou como produtora, editora, repórter e apresentadora de todos os telejornais.

Em 2004, foi convidada para trabalhar na RBS TV de Florianópolis. Na capital, atuou em grandes coberturas como a tragédia de 2008, quando cerca de 130 pessoas morreram no Estado por causa da chuva e dos deslizamentos. Na ocasião, atuou exclusivamente com a equipe que atende à Rede Globo em SC fazendo reportagens e participações ao vivo, inclusive na edição do JN em que William Bonner ancorou o jornal em Blumenau.

O trabalho rendeu uma citação no livro Jornal Nacional – Modo de fazer, de autoria de Bonner. Em julho do ano passado, depois de várias substituições na bancada do Bom Dia SC, assumiu a apresentação do jornal matinal da RBS TV e passou a ser editora-chefe do programa, onde está até hoje.

Continua depois da publicidade