“Respeito os que optam por um filho só, mas lamento uma vida sem irmãos. Cresci ao lado de dois, era a irmã sanduíche, como dizia o caçula lá de casa. Tenho até dificuldade de imaginar uma infância sem companhia todos os dias, toda hora, por isso, minhas palavras se voltam para o que é e foi concreto, já que há sete anos uma parte do nosso sanduíche não está mais aqui.

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Precisei parar de escrever por uns minutos. Quando a saudade bate, conter o choro não é fácil e não tinha por que fazê-lo, chorar é bom e necessário. Lágrimas são a comprovação de que somos seres emotivos, sensíveis e que nos importamos. Fui até a sala olhar a foto pendurada na parede. Como sinto falta dele, como lembro de um dos melhores verões da minha vida. A família inteira havia conseguido se reunir na casa de praia e, naqueles dias, a razão da felicidade ficava por demais evidente, era quem tínhamos por perto e não o quê tínhamos.

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Passada a dor da perda de meu irmão por um câncer aos 24 anos de idade, ficaram as saudades e as lembranças. Como esquecer as brigas por conta de um brinquedo ou do último biscoito? Entender que é importante ceder e dividir foi uma das grandes lições, para mim e também para minha irmã. Como esquecer as peripécias na cozinha, a responsabilidade de cuidar um do outro na escola, as horas e horas de risadas brincando na rua ou na garagem com aquela cumplicidade que só os irmãos têm. Essa convivência diária nos ensinou a engolir o orgulho e pedir desculpas, a estender a mão quando o outro precisava e a viver com menos egoísmo.

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Ter irmãos é algo sublime. É mais amor num único lar, interligando as pessoas, amor que contribui para o desenvolvimento de cada um e para relações mais saudáveis dentro e fora do ambiente familiar.

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Meu desejo é ter dois filhos. Que eles briguem e brinquem muito, riam e chorem, isso fará com que cresçam sabendo ouvir mais sins e nãos. Mas acima de tudo, que tenham um ao outro para comemorar as vitórias, dividir as dúvidas e superar as tristezas e derrotas. Dedico a coluna de hoje à minha irmã, Andréia. Juntas choramos a morte de nosso irmão e juntas, cinco meses depois, comemoramos a chegada do meu segundo sobrinho. Mais uma família que descobriu o que é ter uma vida com irmãos.”

*** Adriana Krauss nasceu em Blumenau, no Vale do Itajaí. Lá começou a carreira de jornalista ainda cursando a faculdade de Letras. Mais tarde, concluiu Jornalismo. Passou por diferentes emissoras até chegar à RBS TV Blumenau, onde atuou como produtora, editora, repórter e apresentadora de todos os telejornais.

Em 2004, foi convidada para trabalhar na RBS TV de Florianópolis. Na capital, atuou em grandes coberturas como a tragédia de 2008, quando cerca de 130 pessoas morreram no Estado por causa da chuva e dos deslizamentos. Na ocasião, atuou exclusivamente com a equipe que atende à Rede Globo em SC fazendo reportagens e participações ao vivo, inclusive na edição do JN em que William Bonner ancorou o jornal em Blumenau.

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O trabalho rendeu uma citação no livro Jornal Nacional – Modo de fazer, de autoria de Bonner. Em julho do ano passado, depois de várias substituições na bancada do Bom Dia SC, assumiu a apresentação do jornal matinal da RBS TV e passou a ser editora-chefe do programa, onde está até hoje.