Crônica: Tão perto, tão longe

“Às vezes escuto alguém dizer que não há muita opção de lazer na região onde vive. Sim, não dá pra negar que em alguns lugares as alternativas são escassas, no entanto, acredito que isso também depende do nosso olhar e do nosso interesse. Ficar reclamando não contribui em nada. Pelo contrário, mina a harmonia de qualquer casa e ainda repele quem está por perto.

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Tenho amigos que moram em Florianópolis e nunca visitaram a Ilha do Campeche, por exemplo. Eu mesma, ainda não estive em praias como a Galheta e a Lagoinha do Leste, mas me esforço cada vez mais para desbravar essa terra e tenho feito incríveis descobertas. A mais recente foi a trilha da Praia do Gravatá, de onde se tem uma das vistas mais surpreendentes da Ilha. Lembro bem das cores da praia Mole lá embaixo e da peculiaridade do Gravatá, onde existe apenas um rancho de pescador.

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Muitas vezes o que falta para encontrar lazer é curiosidade, é ir atrás de informação. Um pouquinho de iniciativa também não faz mal a ninguém. Será que algum reclamão já convocou os amigos para uma trilha? Pessoas que têm pouca atitude podiam aproveitar o próximo fim de semana para organizar uma partida de vôlei, um passeio ciclístico… E não é obrigatório estar no litoral para se divertir. Seja onde você for, olhe com interesse para a cidade onde vive. Seja curioso, pergunte, pesquise.

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Neste fim de semana escutei a seguinte frase: “Meus amigos de Jaraguá do Sul frequentam mais as praias de Florianópolis do que eu que moro aqui”.

Quantas pessoas não sonharam em comprar um imóvel e viver onde estão hoje… Foram anos contando os dias para comemorar tal conquista. Houve promessas de que a vida seria mais leve e feliz, de que o tempo poderia ser melhor aproveitado para apreciar o que a natureza nos dá sem cobrar nada, como um belo pôr do sol.

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Lembro-me de uma série que gravei para o Jornal do Almoço em 2010. Mostramos moradores que vivem na Capital há mais de 20, 50 anos, e que não conheciam sequer bairros próximos ou tradicionais da Ilha, como um senhor do Ribeirão que nunca havia estado em Canasvieiras. Quando vivemos sem interesse pelo novo e sem iniciativa é assim, deixamos para amanhã, para semana que vem, e o que está perto vai ficando cada vez mais longe.”

*** Adriana Krauss nasceu em Blumenau, no Vale do Itajaí. Lá começou a carreira de jornalista ainda cursando a faculdade de Letras. Mais tarde, concluiu Jornalismo. Passou por diferentes emissoras até chegar à RBS TV Blumenau, onde atuou como produtora, editora, repórter e apresentadora de todos os telejornais.

Em 2004, foi convidada para trabalhar na RBS TV de Florianópolis. Na capital, atuou em grandes coberturas como a tragédia de 2008, quando cerca de 130 pessoas morreram no Estado por causa da chuva e dos deslizamentos. Na ocasião, atuou exclusivamente com a equipe que atende à Rede Globo em SC fazendo reportagens e participações ao vivo, inclusive na edição do JN em que William Bonner ancorou o jornal em Blumenau.

O trabalho rendeu uma citação no livro Jornal Nacional – Modo de fazer, de autoria de Bonner. Em julho do ano passado, depois de várias substituições na bancada do Bom Dia SC, assumiu a apresentação do jornal matinal da RBS TV e passou a ser editora-chefe do programa, onde está até hoje.