” Encontrei dentro do livro que coloquei na bolsa ontem as anotações que fiz durante uma formatura em dezembro. Não foi uma cerimônia comemorando o fim da faculdade não, mas um evento para celebrar a conclusão da educação infantil e a passagem para o ensino fundamental. Sim, muitas escolas marcam esse momento de transição.

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Era fim do dia e eu não esperava mais nada surpreendente daquela quinta-feira. Ainda bem que a vida é cheia de surpresas. A mim cabia anunciar o nome das crianças e ler o que as educadoras tinham preparado sobre cada uma delas. Comecei a chamada e Brunos, Julias, Catarinas e Leonardos entravam no salão por um tapete vermelho até chegar ao palco, onde todos se sentavam lado a lado. Não sou mãe, mas sou tia e madrinha e vê-los participar de apresentações escolares é algo que nos enche de orgulho e alegria. Eu estava no palco, pertinho das crianças, e dali era inevitável contemplar a fisionomia de pais, avós, tios e padrinhos que acenavam na tentativa de serem vistos pelos pequenos. Quando os olhares se cruzavam, sorrisos iluminavam a noite.

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As emoções e os risos se multiplicaram quando comecei a revelar as respostas de cada aluno para uma pergunta feita dias antes pelas professoras.

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Qual é o seu maior sonho? Bem, o que meninos e meninas de seis anos de idade podem querer, pensei. Ser fada para salvar o mundo, vencer os inimigos, andar num cavalo que voa, que o mundo seja feliz, ser um rei, que existissem dinossauros, que tivesse escola todos os dias, ler um livro bem grande, viver no mundo da lua, ser uma princesa, que fosse meu aniversário todo dia, voar, ter um irmão, brincar para sempre… Era uma surpresa atrás da outra.

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Pais e professores têm uma importante missão quando fazem esse tipo de pergunta. Deixar a criança livre, respeitá-la, não desejar que ela responda o que o adulto espera ouvir. Sonhar tudo e de tudo faz parte da infância e a imaginação é essencial para o nascimento e a permanência da criatividade em nossas vidas.

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Sabe qual meu maior sonho agora? Que as palavras certo e errado sejam usadas com parcimônia pelos adultos quando conversam com uma criança. Vamos permitir que elas façam as próprias descobertas.”

*** Adriana Krauss nasceu em Blumenau, no Vale do Itajaí. Lá começou a carreira de jornalista ainda cursando a faculdade de Letras. Mais tarde, concluiu Jornalismo. Passou por diferentes emissoras até chegar à RBS TV Blumenau, onde atuou como produtora, editora, repórter e apresentadora de todos os telejornais.

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Em 2004, foi convidada para trabalhar na RBS TV de Florianópolis. Na capital, atuou em grandes coberturas como a tragédia de 2008, quando cerca de 130 pessoas morreram no Estado por causa da chuva e dos deslizamentos. Na ocasião, atuou exclusivamente com a equipe que atende à Rede Globo em SC fazendo reportagens e participações ao vivo, inclusive na edição do JN em que William Bonner ancorou o jornal em Blumenau.

O trabalho rendeu uma citação no livro Jornal Nacional – Modo de fazer, de autoria de Bonner. Em julho do ano passado, depois de várias substituições na bancada do Bom Dia SC, assumiu a apresentação do jornal matinal da RBS TV e passou a ser editora-chefe do programa, onde está até hoje.