Minha caixa de e-mails está mais cheia do que o habitual. Começo a separar o que pode ser utilizado e o que vai para a lixeira. Quando me dou conta, tenho guardados mais de 20 e-mails relativos ao Carnaval, que está começando. Leio todos eles – quem sabe encontro algo bom que possa ser comentado aqui na coluna? – e chego a uma só constatação: o Carnaval está se tornando sinônimo de sexo, de pegação geral, de “ninguém é de ninguém”. Não sou moralista, mas, pelo material de divulgação que recebo e as campanhas que tenho visto por aí, a festa de Momo vai acabar se resumindo a isso. ?

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Um dos e-mails é do Ministério da Saúde, sobre o lançamento da campanha de prevenção a doenças sexualmente transmissíveis (Aids inclusive), cujo slogan é “Se tem festa, festaço ou festinha, tem que ter camisinha”. Até aí tudo bem, acho que a pasta está cumprindo o seu papel de informar a população. Mas fica a pergunta: será que tem alguém neste país que ainda não sabe que é importante usar o preservativo? Duvido. Todo mundo sabe, só que muitos preferem arriscar. É a mesma coisa que álcool e direção. Ninguém tem dúvida de que é uma combinação perigosa. Só que…

Outro e-mail diz: “As marchinhas do Carnaval já começam a ecoar nas esquinas do país. Quem pretende cair na farra não deve deixar de fora a serpentina, o confete e, claro, a camisinha. O preservativo é a garantia de que a alegria continue depois do feriado”. Uma fabricante do produto diz que chegou a hora da “pegação geral” e que as pessoas têm que se prevenir para “se jogar na festa” com proteção. Minha época de curtir Carnaval já passou, hoje prefiro programas mais calmos. Mas podem acreditar: a gente saía, se divertia, arranjava uns “ficantes”, dava uns beijos, mas sexo nunca foi premissa para uma boa festa. Hoje, nestes quatro dias, tudo é permitido, é liberado, inclusive a promiscuidade. E, em alguns casos, ela é até incentivada. Sinal dos tempos.