A missão mais espinhosa do mundo: escolher, entre os piores, os candidatos do próximo 7 de outubro. Para presidente, alguém de “peregrinas virtudes”, um candidato ao mesmo tempo “moderno e honesto”, que reconheça o estado pré-falimentar do Estado, promova as reformas, com ênfase na mudança política e moral. Para o parlamento, a escolha recairia numa raridade: alguém que nunca exerceu um mandato, e que seja, portanto, um “novato” – sem vícios, ficha limpíssima e com reais chances de ser eleito.
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Não se dirá que é fácil escolher um bom nome para deputado, para governador, para presidente. Os nomes do cardápio são desoladores. Ou são sempre “os mesmos” ou são “estreantes” que só aparecem para alugar a legenda de algum “nanico” aos mais poderosos. Ainda assim, o eleitor tem que pesquisar, comparar, acender a sua lanterna em busca de um honesto.
Não reeleja. Especialmente quem já tem um mandato absurdamente longo. O dos senadores, por exemplo. Oito anos. Uma excrescência. Quanto mais eleição, melhor. Um dia, aprenderemos a exercer esse direito tão fundamental à democracia, que é o voto livre, secreto e universal. É preciso valorizar o voto para baratear as campanhas. Houve época em que o “material humano e moral” era animador. Viciados eram os métodos eleitorais, como as eleições de bico-de-pena da República Velha. Como testemunhou Gilberto Amado:
– Antigamente as eleições eram falsas, mas a representação era verdadeira. As eleições não prestavam, mas os deputados e senadores eram pessoas decentes.
Só a repetição ad nauseam das eleições aperfeiçoará usos e costumes políticos e – um dia – voltará a magnetizar todos os homens de bem da República.
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A qualidade dos representantes deve refletir a competência de uma boa escolha. Caberá ao eleitor brasileiro a última palavra para melhorar a atual representação nos parlamentos. Se no supermercado o eleitor pesquisa naturalmente os preços e a qualidade dos produtos à venda, uma vigília ainda mais atenta será requerida na hora de escolher aquele que o representará nas casas da democracia.