Eu acendi a luz da cozinha no meio da noite e, por pouco, não levei um tombo daqueles de ir parar no hospital. O chão estava todo molhado. Vou correndo olhar a torneira da pia: fechada. A do tanque, idem. Quem sabe alguma garrafa d’água na geladeira? Nada. Ah… Achei. Foi o freezer, que ficou mal fechado e descongelou. Tinha tanto gelo dentro que virou uma poça no chão. Quando comecei a limpar, notei que a parte de baixo estava toda enferrujada… Junto com a água, saía também pedaços do meu eletrodoméstico. Puxa, já vou ter que trocar? Não faz nem 10 anos que comprei…

Continua depois da publicidade

Eu chego a perder a conta de quanto tempo têm as coisas da minha casa. Às vezes, eu reclamo que duram pouco, que hoje tudo é feito para estragar, que os produtos são vagabundos justamente para os consumidores se sentirem obrigados a trocá-los com mais frequência. Mas, quando olho à minha volta, me vejo cercada de móveis e objetos que me acompanham, alguns, há mais de duas décadas… Gosto de casa com tudo novinho, bem decorada, e com tudo no lugar. Mas tenho pena de me desfazer das coisas só porque já existem modelos novos no mercado. Não sou consumista a este ponto.

O freezer vou ter que comprar, não vai ter jeito. Já troquei também de impressora e de micro-ondas, pois sairia mais caro consertá-los do que comprar novos e mais modernos, por incrível que pareça. E espero que meus gastos parem por aí. Poupo o que posso para viajar nas férias – nisto sim, gasto com prazer.

O celular é o mesmo, não sei há quantos anos. Meus filhos riem, acham engraçado meu aparelho pré-jurássico. Mas telefone não foi feito para telefonar? Isso o meu faz, e muito bem. Não preciso de um aparelhinho que me conecte à internet e às redes sociais, nem que tire fotos de alta resolução. Não sou contra a tecnologia nem condeno quem não vive sem ela. Mas eu me sinto mais livre assim, conectada apenas quando eu quero.

Continua depois da publicidade