“Como você se sente ao preencher um formulário, no RH da empresa ou numa companhia aérea, que pede a seguinte informação: em caso de emergência ligar para… Esse é um minuto chato e incômodo pra mim.

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Por alguns instantes você pensa no que não quer e precisa definir a pessoa que vai receber uma notícia no mínimo preocupante caso algo aconteça.

Pior do que ter qualquer tragédia passando pela sua cabeça deve ser ficar com a caneta suspensa no ar sem ter um nome para pôr no espaço em branco…

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Na última viagem de trabalho que fiz, uma senhora pediu minha caneta emprestada e parou diante do papel. Olhou pra mim, pareceu-me pensativa, e disse o quanto era difícil preenchê-lo, sendo que as pessoas que ela mais amava e confiava tinham partido há pouco tempo: o marido e o filho.

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Na fila do embarque notei o vazio – na vida dela e no formulário.

Há tantos outros passageiros que nada informam. E por diversas razões…

Bem, essa é uma escolha cheia de significados, não somente uma formalidade burocrática.

Se você estiver passando mal, quem deve ser a primeira pessoa – entre todas que você conhece – a correr para o hospital?

Quem você espera ver nessa hora difícil? De quem quer receber atenção e carinho?

Pode ser o pai ou a mãe, a esposa, namorada, até um avô ou amigo…

A questão é: quem você quer que seja essa pessoa e por quê?

Psicólogos já concluíram que sentir-se amado é uma necessidade emocional primária do ser humano.

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Mesmo assim, muitas vezes vivemos relações de pouca entrega com as pessoas que nos cercam. Pode ser por medo de perdê-las (inconscientemente pensamos: se não estivermos tão próximos, sofremos menos), pode ser por insegurança, medo de rejeição…

Acontece que relacionamentos pela metade não nos fazem felizes por inteiro, seja com a família, os amigos ou os amores. Recebemos o que damos e sentimentos rasos resultam em migalhas de felicidade, nunca abundância.

E dessa forma perdemos a chance de conhecer de verdade o sentimento que completa o ser humano e que jamais deixaria você sem opção na hora de preencher o formulário: o amor.”

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*** Adriana Krauss nasceu em Blumenau, no Vale do Itajaí. Lá começou a carreira de jornalista ainda cursando a faculdade de Letras. Mais tarde, concluiu Jornalismo. Passou por diferentes emissoras até chegar à RBS TV Blumenau, onde atuou como produtora, editora, repórter e apresentadora de todos os telejornais.

Em 2004, foi convidada para trabalhar na RBS TV de Florianópolis. Na capital, atuou em grandes coberturas como a tragédia de 2008, quando cerca de 130 pessoas morreram no Estado por causa da chuva e dos deslizamentos. Na ocasião, atuou exclusivamente com a equipe que atende à Rede Globo em SC fazendo reportagens e participações ao vivo, inclusive na edição do JN em que William Bonner ancorou o jornal em Blumenau.

O trabalho rendeu uma citação no livro Jornal Nacional – Modo de fazer, de autoria de Bonner. Em julho do ano passado, depois de várias substituições na bancada do Bom Dia SC, assumiu a apresentação do jornal matinal da RBS TV e passou a ser editora-chefe do programa, onde está até hoje.